1º Encontro de Mulheres da UBES
Os estudantes entraram no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, em Brasília, fazendo barulho, muito barulho. Era o público do 1º Encontro de Mulheres da UBES (EME), que aconteceu no dia 31/08. Os principais temas abordados na atividade foram: saúde, educação, mercado de trabalho e comportamento tendo a mulher/moça/menina secundarista como plano de fundo.
A mesa foi composta por mulheres e um único homem, Yann Evanovick, presidente da UBES. Na abertura do ato, ele apontou que 80% da base dos estudantes secundaristas são de mulheres e meninas que enfrentam o machismo.
Comportamento – Segundo Débora Peres, Diretora de Mulheres da UBES, o Encontro é o primeiro passo para combater o machismo dentro das escolas. Quem concordou com ela foi Cristina Castro, secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE), que afirmou:
“Na escola, onde as meninas ficam de um lado e os meninos do outro. Quando se decide quem pode carregar o peso, entre outros comportamentos. Precisamos quebrar os estereótipos, pois a nossa luta tem poder de transformação social”. Cristina também participou das atividades do 13º CONEG da UBES, que começou logo após o Encontro.
A deputada Érika Kokay não pensa diferente, foi ela quem apresentou várias emendas da UBES e da UNE ao PNE. Ela afirma que a escola é um aparelho ideológico de construção da identidade com poder de transformação, e completou: “Nós mulheres queremos estar em todos os lugares, não queremos apenas ser donas de casa, queremos ser donas de nossas vidas, donas de nossos corpos e das nossas escolhas”.
Os estudantes foram indagados: a violência que a mulher sofre é apenas física? Quem respondeu foi a coordenadora da Bancada Feminina, Janete Rocha Pietá, que também militou contra a Ditadura Militar, afirmou: “existem vários tipos de violência e nem sempre começa com a violência física”.
Mercado de Trabalho – O machismo, a falta de escolhas e até mesmo a não escolha é uma forma de pressão (que pode ser considerar violência) contra a mulheres, na qual implicitamente se define o que “é trabalho de mulher” ou o que deixa de ser. Os números apontam aos estudantes os desafios a se enfrentar.
“Das 503 vagas na Plenária, apenas 49 são ocupadas por mulheres” – afirmou ainda a deputada federal, Fátima Bezerra, “mas nós não vamos desistir”.
A luta ainda vai longe, já temos visto o protagonismo das mulheres na política, como a presidenta Dilma Rousseff, Severine Macedo, 1ª mulher a ocupar o cargo de Secretária Nacional de Juventude e a Vanessa Grazziotin, primeira mulher a ocupar o cargo de senadora no Amazonas.
Saúde – O tema sexualidade, que parece tantas vezes tão restrito, foi também alvo de discussão no Encontro. Segundo debatido, hoje é incomum, especificamente com as mulheres, falar livremente da educação sexual, relacionamento e sexualidade. Esses conceitos arcaicos do conservadorismo em relação ao gênero homem/mulher influência diretamente na prevenção, como exemplificou a diretora da União Brasileira de Mulheres, Maria das Neves: “O aborto é questão de saúde pública que será discutido na Conferência de Juventude”, diz.
Todas as mulheres da mesa, entre elas Deputada Federal – Manuela D’ Ávila, Jô Morais e a líder estudantil chilena, presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (FECh), Camila Vallejo, foram presenteadas com um girassol, flor que representa o desafio e a superação no período da Anistia. Camila, que declarou total apoio ao movimento estudantil brasileiro falou aos estudantes: “quero apresentar minha gratidão e apoio. Não vamos caminhar nunca de cabeça baixa, pois temos a educação para transformação social”.
Os estudantes com aplausos e assovios criaram uma nova palavra de ordem: “Chile amigo, Brasil está contigo”.
“A UBES somos nós, mulherada aqui tem voz”
Palavras de ordem não faltaram para os estudantes que lotaram o auditório, com criatividade e engajamento. O EME recebeu também a Ministra da Secretaria de Polícias para Mulheres, Iriny Lopes, que reafirmou o compromisso à juventude brasileira. Ela disse ainda que a base da capacitação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) terá questão do gênero trabalhada.
Fonte: Blog da UBES