A criminalidade estatal contra os meninos e meninas da Colômbia

Mais de 13% das crianças da Colômbia vivem com desnutrição crônica.

O Estado colombiano e seu governo obedecem às políticas imperialistas de extração e intervencionismo do sistema capitalista, cujo método é concentrar as riquezas e os recursos de nossos povos nas mãos de poucos, em detrimento das maiorias. Trata-se de uma forma de guerra permanente contra o povo, que atinge as crianças mais desfavorecidas de nossa pátria.

Uma destas expressões é a guerra econômica, que assassina os pequenos de nossa pátria sem trégua e com uma frequência descomunal. Mais de 13% das crianças da Colômbia vivem com desnutrição crônica. Mais da metade, 1,37 milhão de indígenas colombianos vivem na “pobreza estrutural”. Sete de cada 10 meninos e meninas desta minoria étnica sofre com a desnutrição crônica. Segundo a FAO, mais de 40% dos colombianos sofre com a insegurança alimentaria. Mais de 500 mil menores de cinco anos têm atraso no crescimento por conta da desnutrição. Na Colômbia, anualmente morrem 20 mil jovens por desnutrição. Isso sem falar dos milhares de menores assassinados em massacres paramilitares e nos crimes cometidos pelo Estado (chamados “falsos positivos”).

Não é por casualidade que existe a fome e a miséria. Uma criança que morre de fome é assassinada pelo regime e o problema está radicado no monopólio da produção e do mercado que, com o aumento dos preços, dificulta o acesso e as possibilidades. A fome, destinada aos meninos e meninas do país, é pura violência estrutural. Em momentos que a acumulação de capital se contrapõe à sobrevivência da espécie humana, a pobreza para as maiorias empobrecidas e especialmente para as crianças se agrava a cada dia.

Realmente é preocupante o abandono estatal e a exclusão social em toda a geografia colombiana. Os jovens não têm condições, estão sem escolas, sem acesso à saúde pública, sem alimentação, recreação, sem serviço público e, muitas vezes, sem família.

Estes pequenos traços da realidade da Colômbia mostram que a falsa preocupação governamental é insuficiente, para não dizer provocadora. Além disso, os programas para combater a fome e a miséria são simples “panos quentes”, que não apresentam reais soluções para a infância e para a sociedade em seu conjunto.

Entre tanta injustiça, o governo pretende desvirtuar a realidade, apresentando a insurgência como o grande violador dos direitos humanos e das crianças. Assim, utilizam todas as ferramentas que estiverem ao seu alcance para deslegitimar nossa luta justa, além de atribuir o recrutamento forçado, as violações sexuais e os excessos de força aos guerrilheiros e guerrilheiras das Farc. Que fácil é para os ricos fantasiarem, enganarem e fazer manobras convenientes, tendo todos os aparatos ideológicos e repressivos a sua disposição! Tornaram-se especialistas em impedir a visibilidade e a compreensão da realidade.

O saque avança rapidamente: 40% do território é solicitada em concessão para projetos de agro-combustíveis e de mineração multinacional. Sob este modelo econômico intervencionista imposto pela oligarquia há opções reais para crianças colombianas? Realmente quem é o responsável pela situação das crianças na Colômbia?

No dia 26 de outubro foi celebrado o Dia Mundial d Alimentação, proclamado em 1979 pela Conferência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação. Que esta data sirva sempre para a reflexão e a denúncia sobre a real situação dos menores de nosso país.

*Diana Grajales é guerrilheira das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo.

(Tradução: Théa Rodrigues, da redação do Vermelho)

Do Portal Vermelho

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