Adia Enem, já!

A coordenadora da Secretaria de Assuntos Educacionais da Contee, Adércia Bezerra Hostin dos Santos, participou ontem (12), ao vivo no Instagram, de uma conferência com a diretora de Mulheres da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Maria Clara Arruda, para debater a necessidade de adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020.

A conversa foi motivada pela campanha “Adia Enem, já!”, lançada pela Ubes, em parceria com a União Nacional dos Estudantes (UNE), no dia 1° de abril, em resposta à publicação do edital e manutenção do cronograma das provas pelo Ministério da Educação e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

“Diferente do que diz o ministro, é absurdo pensar que os estudantes estão em igualdade de condições nessa situação, e que atividades a distância poderiam solucionar o problema da suspensão das aulas. Muitos desses jovens sequer têm acesso às ferramentas necessárias para atividades virtuais, e mesmo que tivessem sabemos que o aproveitamento do ensino-aprendizagem fica fortemente em defasagem em relação às atividades presenciais”, diz a nota das entidades estudantis.

Durante o debate, foi feita uma análise da conjuntura e do discurso do governo federal face à pandemia do novo coronavírus, incluindo as medidas provisórias que retiram direitos trabalhistas, bem como da apropriação, pelo capital, da minimização da crise sanitária. Especificamente sobre a educação, Adércia apontou, como um dos efeitos dessa apropriação, a nomeação, na última quinta-feira (9), de Ilona Becskeházy — ex-diretora da Fundação Lemann e alinhada com o ministro Abraham Weintraub — como nova secretária de Educação Básica.

Sobre as atividades escolares remotas, a diretora da Contee comparou sua desigualdade à do aplicativo para que a população receba o auxílio emergencial de R$ 600. “Quem não tem acesso vai retirar como? Vai continuar na miséria?”, questionou. “Na situação educacional, é a mesma coisa. Estamos gerindo a plataforma da desigualdade. Há uma diferença sórdida entre o setor privado e a rede pública. E mesmo no setor privado existe desigualdade no acesso às tecnologias e a essas plataformas. Manter o Enem nesses moldes que foram colocados pelo MEC é validar essa diferença social e a exclusão digital.”

Por Táscia Souza

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