Adilson lamenta recorde de trabalho escravo: ‘Não há razão para, em pleno século 21, a gente conviver com esse tipo de degradação’

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Adilson Araújo, lamentou o recorde no número de trabalho análogo à escravidão no Brasil. No ano passado, 2.575 pessoas foram resgatadas em condições subumanas em suas atividades laborais, um maior número nos últimos 10 anos.

Na avaliação do dirigente da CTB, em entrevista ao site Vermelho, o aumento no volume é fruto das perdas sociais sofridas pelo povo brasileiro entre 2016 e 2022, com os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. “Tudo aquilo que se construiu por mais de uma década se transformou em letra morta. Todos aqueles espaços de diálogo social, de trabalho efetivo, foram literalmente dissolvidos, seja pelo esvaziamento da função do trabalho da fiscalização e inspeção do trabalho, seja pela falta do concurso público que não renovou a capacidade de responder ao crescimento da demanda, seja pelo esvaziamento do órgão”.

Para Adilson, “não há razão alguma para, em pleno século 21, a gente conviver com esse tipo de trabalho degradante, desumano que tem ceifado vidas de jovens que, enganados pelo canto da sereia de que há uma boa oferta de emprego em dadas áreas, terminam sendo forçados ao trabalho à exaustão, sem possibilidade alguma de desvinculação porque a não regulação desse trabalho e a forma de contratação termina sendo uma bola de ferro nos pés para que esse trabalhador seja submetido às imposições de patrões que não têm nenhum nível de sensibilidade”.

No entanto, o presidente da CTB acredita que chegada de Lula à Presidência da República abre a possibilidade de enfrentamento à chaga social. “A gente vai precisar, com esse novo ciclo que se inaugura, resgatar primeiro a centralidade da agenda do trabalho decente e dar voz à sociedade civil organizada. Se o Brasil hoje reivindica o seu legítimo direito enquanto nação de não constar no mapa da fome, eu penso que do mesmo modo temos o grande desafio de tirar o país da lista suja do OIT [Organização Internacional do Trabalho]. Esses são pressupostos reivindicados pelas centrais sindicais e eu penso que nós devemos seguir ambicionando esse propósito: promover as transformações do nosso tempo por um trabalho digno, um salário justo, com direito à igualdade, liberdade, saúde e segurança”.

Desde maio de 1995, quando os grupos especiais de fiscalização começaram a atuar, houve 60.251 livramentos e R$ 127 milhões pagos em salários e valores devidos aos profissionais.

com portal CTB

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