Bolsonaro ataca o STF, açula seguidores e chama para manifestação golpista

Chamou os ministros do Supremo de “surdos de capa preta” e disse: “vamos às ruas pela última vez”

Jair Bolsonaro, na Convenção do PL que o confirmou como candidato à reeleição, voltou a falar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e convocou seus apoiadores para irem “às ruas pela última vez” no dia 7 de setembro.

“Vamos às ruas pela última vez. Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo”, falou.

“Quem deve dar o norte para nós é o povo brasileiro. Tenho certeza que aquilo que vocês querem será atingido. Não podemos simplesmente deixar as coisas acontecerem”, continuou Bolsonaro, tentando intimidar a Justiça para encobrir seus delitos, sem esclarecer o que “será atingido”.

Durante o evento, que foi realizado no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, Bolsonaro pediu ao público repetir duas vezes a frase “eu juro dar a vida pela minha liberdade”.

Em seguida, se dirigiu ao ministro Braga Netto, que será seu candidato a vice-presidente, e falou: “esse é o nosso exército, o exército do povo, o exército que está do nosso lado, que não admite corrupção, não admite fraude, que quer transparência. Quer, não, merece e vai ter”.

Jair Bolsonaro falou que está jogando dentro “das quatro linhas da constituição”, mas não explicou os ataques que fez às urnas eletrônicas ou o conteúdo da reunião com embaixadores na qual difundiu mentiras sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Segundo ele, algumas pessoas estão “dando tijolada” na Constituição. “Hoje vocês sabem o que é Supremo Tribunal Federal”, discursou. Neste momento, o público presente começou a vaiar e cantar “supremo é o povo”, açulado por Bolsonaro.

Jair Bolsonaro completou o ataque ao STF dizendo enigmaticamente que “o nosso povo hoje tem conhecimento e sabe pelo o que deve lutar”.

FOME

Jair Bolsonaro ignorou o aumento da fome, que hoje atinge 33 milhões de pessoas no país, a queda da renda das famílias e a inflação superior a 11% e, em seu discurso, disse que seu governo fez maravilhas e o Brasil anda muito bem com ele, embora a população sinta na pele que não é verdade.

De acordo com ele, “nossa missão é cada vez mais tirar o Estado de cima de vocês. Estado forte, povo fraco”. Provavelmente para colocar no lugar as milícias que atormentam o povo.

Bolsonaro passou grande parte do discurso celebrando as obras que supostamente foram “concluídas” pelo seu governo, mas iniciadas nos governos anteriores, como rodovias e a transposição do rio São Francisco.

Não mencionou, porque não há, nenhum projeto ou obra iniciado pelo seu governo.

O presidente também inventou que, com Lula presidente, o país viverá uma situação parecida com a de Cuba, Venezuela, Argentina e Chile. O que ele também não mencionou é que em seu governo 33 milhões de brasileiros estão passando fome todos os dias, enquanto 125 milhões vivem algum tipo de insegurança alimentar. Além disso, a carestia torna impossível o consumo das população brasileira.

Bolsonaro usou como prova de que seu governo liga para os mais pobres o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, mas novamente não explicou porque seu governo queria que o pagamento fosse de apenas R$ 200 e atuou no Congresso Nacional para isso. Foi pela atuação de parlamentares que o valor subiu para R$ 600 e não por Bolsonaro, que teve que aceitar a contragosto.

Como promessa de campanha, falou que o pagamento de R$ 600 do Auxílio Brasil, elevado após uma manobra eleitoreira que instalou um “estado de emergência”, será mantido no ano de 2023. No entanto, o projeto governista aprovado no Congresso prevê pagamento apenas até dezembro. Por que o governo impediu a proposta da oposição que queria tornar o benefício sem data para acabar?

Bolsonaro também prometeu, de forma alucinada, que o mês de julho terá “deflação”. A inflação acumulada dos últimos 12 meses é superior a 11%.

MENTIRAS

Mesmo tendo deixado mais de 675 mil pessoas morrerem de Covid, enquanto fazia piada imitando alguém com falta de ar, dizendo que não era coveiro e falando que a doença era apenas uma gripezinha, Jair Bolsonaro blasfemo ao afirmar que seu governo fez “o possível”.

Mais uma vez, disse que não tomou nenhuma medida para conter a disseminação do vírus porque o Supremo Tribunal Federal não deixou, o que é mentira.

“A condução do combate à Covid passou a ser de governadores e prefeitos. Alguns conduziram muito bem, outros nem tanto. Esses nem tanto fizeram com que vocês experimentassem um pouquinho o que é ditadura, ‘fique em casa’”, apontou.

O STF permitiu também aos Estados tomarem medidas contra a pandemia, que Bolsonaro não queria tomar. O Supremo não proibiu o governo federal de atuar. Bolsonaro se escuda nessa mentira para esconder sua omissão diante da Covid-19.

Bolsonaro falou que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia “não achou nada” sobre seu governo, o que também é mentira.

O relatório final da Comissão apontou que Bolsonaro cometeu 10 crimes. Jair incentivou as pessoas a se exporem ao vírus e a não usarem máscara, mentiu falando que a Covid-19 era apenas uma “gripezinha” e ainda insistiu que a cloroquina era um medicamento que as salvaria, mesmo que todos os estudos realizados no mundo apontassem o contrário.

A CPI demonstrou que a compra da vacina Covaxin foi feita com sobrepreço e à base de propina para aliados de Bolsonaro. O caso foi denunciado, com riqueza de detalhes, pelo funcionário do Ministério da Saúde, Ricardo Miranda, e seu irmão Luís Miranda, deputado federal.

Ricardo Miranda teve que sair do país por causa das ameaças que recebeu por denunciar a corrupção.

A falsificação de documentos fez com que a própria farmacêutica que produz o imunizante, a indiana Bharat Biotech, cancelasse o contrato.

Em um depoimento à CPI, o deputado federal Luis Miranda (Republicanos) afirmou que Jair Bolsonaro sabia que era o seu líder na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), quem organizava o esquema no Ministério da Saúde.

Bolsonaro se reuniu com os irmãos, soube do caso da propina e não tomou nenhuma providência para que o caso fosse investigado.

CORRUPÇÃO

Durante todo o discurso, Jair Bolsonaro falou da corrupção de governos anteriores e que isso foi extinto quando ele assumiu a Presidência.

Afirmou que estamos há “três anos e meio sem corrupção. Se aparecer, vamos colaborar nas investigações”.

Não citou o fato de que seu ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi demitido em meio a denúncias de corrupção. Ribeiro, por um “pedido especial” de Jair Bolsonaro, participava de um esquema de corrupção junto dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos.

Hora do Povo

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo