Comissão Nacional da Verdade entrega relatório final à sociedade

Neste 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) chegou ao final de suas atividades e, em solenidade realizada na sede do Conselho Federal da Ordem dos advogados do Brasil (OAB), entregou seu relatório, contendo a descrição do trabalho realizado, a apresentação dos fatos examinados, as conclusões e as recomendações.

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O presidente da CNV, Pedro Dallari, no seu discurso disse que “a Comissão Nacional da Verdade cumpre, assim, determinação da lei nº 12.528/11, que criou a CNV e fixou para ela o objetivo de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos ocorridas de 1946 a 1988 – períodos entre as duas últimas Constituições democráticas brasileiras -, com a finalidade de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional”.

Pedro Dalari disse ainda que, nos seus dois anos e sete meses de existência, a CNV se dedicou à busca e à pesquisa de documentos, ouviu mais de um milhar de depoimentos, efetuou diligências em locais de repressão, realizou dezenas de sessões e audiências públicas por todo o território nacional, dialogou intensamente com a sociedade.

O presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, no seu discurso de saudação, disse que “o relatório da Comissão Nacional da Verdade, além de ser imprescindível para a memória nacional, resgatando a história e possibilitando a justiça, possui a relevante função de estimular o amor a democracia, principalmente entre os jovens, que não viveram os horrores do regime que impedia a liberdade de expressão e que tratava a divergência política como caso de polícia”.

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O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Leonardo Ulrich Steiner, presente à solenidade, disse na sua intervenção que “devemos recordar uma passagem da Bíblia  sagrada que diz que ‘a verdade nos libertará’”. “A Comissão da Verdade vai nos ajudar e a sociedade brasileira a nos libertar.  Nós vamos devagar acompanhando o trabalho da Comissão apresentado a nós  e vamos ver que a verdade tem rostos, tem história, tem vida, homens e mulheres que ainda sofrem. A dor ainda não desapareceu, como também não desapareceu a indignidade, porque os familiares ainda reclamam o desaparecimento dos seus filhos e seus irmãos. Estes rostos a Comissão conseguiu mostrar rostos de histórias que estão presentes neste documento. Conseguiu trazer rostos também daqueles que mataram , assassinaram,  torturaram. Essa verdade, certamente, levará o Brasil a se reconciliar um pouco mais. Mas, necessitará de uma reconciliação ainda maior quando toda a verdade aparecer”. Dom Leonardo afirmou ainda que a CNBB não se esconderá. Vai se engajar com todos para que a história do Brasil não seja mais a mesma, finalizou.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, enviou aos membros da Comissão Nacional da Verdade cumprimentos ao governo e à população do Brasil por “seus esforços em promover a verdade e a reconciliação nacional por meio do trabalho da CNV”.

“As Nações Unidas encorajam e apoiam esforços em todo o mundo para desvendar os fatos que envolvem grandes violações dos direitos humanos e da lei humanitária internacional e promovem a justiça e a reparação. Este apoio tem como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que celebramos neste dia todos os anos, e nos tratados internacionais de direitos humanos, incluindo a Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forçados”, afirmou Ki-moon na mensagem.

Em nome das famílias dos desaparecidos usou da palavra Togo Meireles Neto, que parabenizou a CNV pelo trabalho realizado, porém conclamou a todos que sofreram com a violência da ditadura militar e que até hoje não conseguiram enterrar os seus entes assassinados pelo regime militar, a continuar na luta, pela punição daqueles que cometeram crimes contra a vida e contra os direitos humanos, concluiu.

Vários movimentos civis organizados participaram da solenidade e prestaram solidariedade à deputada Maria do Rosário, pela agressão verbal sofrida no plenário da Câmara proferida pelo deputado Bolsonaro.

A Contee esteve presente ao evento representada pelo diretor de Comunicação do Sinproep-DF, Trajano Jardim, membro da Comissão da Verdade da  Contee.

Com informações de Trajano Jardim 

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