Contee dá início aos debates preparatórios à Conape

Confederação realizou, nesta terça-feira (19), a ‘Conferência Livre de Educação e Desenvolvimento na Era Digital’ de forma virtual

Sob a mediação do coordenador da Secretaria de Comunicação, Alan Francisco de Carvalho, que também é vice-coordenador da Contee, a Confederação realizou, nesta terça-feira (19), a “Conferência Livre de Educação e Desenvolvimento na Era Digital”.

A reunião teve o propósito de debater o tema e formular contribuições para a Conape (Conferência Nacional Popular de Educação) 2022, marcada para ocorrer entre os dias 15 e 17 de julho, em Natal (RN).

O coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, foi incumbido de fazer intervenção especial no sentido de aprofundar as demandas do setor de educação sob a chamada “era digital”. São muitos e diversos desafios para quem lida com a educação, a partir do advento das plataformas digitais.

Dentre os “desafios contemporâneos”, a “educação e a política educacional são para um país, que se pretende desenvolvido nas áreas: econômica, científica, tecnológica, humana, social etc., um dos seus pilares mais importante e, portanto, um extraordinário desafio”, observou Reis na exposição que apresentou.

Também participou da conferência o presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Heleno Araújo, que entre outras abordagens tratou sobre o escopo da Conape, que está sob a coordenação dele.

Territorialidade digital

O coordenador-geral da Contee lembrou que sob a chamada “era digital”, “vivemos um novo momento de organização do mundo do trabalho e das relações do trabalho”.

E acrescentou: “Na educação, não é diferente, novas formas de mediação da educação por meio das plataformas de EaD (Educação a Distância) e educação remota são aplicadas de forma ampla no setor educacional nacional neste período”.

Essas plataformas criaram novo ambiente de trabalho, sobretudo a partir das novas relações de trabalho em razão da Reforma Trabalhista e da aparição do novo coronavírus, que impôs adaptações na forma de trabalho dos assalariados em educação, em particular, para os professores.

Rede de fibra ótica e acesso ao 5G

Ao abordar a temática da acessibilidade tecnológica, Reis lembrou que a necessidade de “consolidação de uma rede nacional de banda larga, gratuita e acessível a toda sociedade é algo profundamente, necessário, democrático e revolucionário”.

Isso pode permitir a tão sonhada “inclusão digital”, por meio da “utilização da extensa rede física de cabeamento de fibra ótica já existente”, destacou. Segundo Gilson Reis, essa demanda “se torna a cada dia mais estratégica e importante”.

Produtos educativos e educacionais

“Esse novo mundo que se abre com as novas tecnologias digitais”, segundo a exposição de Reis, “poderá transformar a educação e principalmente o País”. “Esta nova forma de educação que se abre no horizonte proporcionará a produção de dezenas de outros materiais pedagógicos”, enfatizou.

Startups e inovação de conteúdos

Na fala introdutória, Gilson não esqueceu que a “indústria local, regional e nacional de produção de conteúdos educacionais, pedagógicos e de formação constituirá uma ampla cadeia de produção e reprodução de conhecimentos que serão desenvolvidos pelas centenas de startups e destinados à educação nacional”.

Mais: “A democratização da produção na área educacional possibilitará que milhares de brasileiros e brasileiros entrem na elaboração, produção e distribuição de conhecimentos regionalizados, democratizando o desenvolvimento nacional do conhecimento e da inovação e inviabilizando, assim, os monopólios e cartéis dos grandes grupos educacionais”.

Indústria de computadores

Na perspectiva de ampliar a geração de emprego, renda e acesso à formação tecnológica, Reis entende que o “acesso às mídias digitais e às novas formas de comunicação somente serão plenas e amplas na medida em que a sociedade tiver garantido o acesso aos equipamentos e computadores, receptores e transferidores de informação”.

“A produção de milhões de notebooks/desktops/tablets que deverão ser disponibilizados à educação nacional (professores, gestores, auxiliares em educação, alunos e etc.) será fator decisivo na construção dessa nova etapa educacional”, pontificou.

Privatização do sistema de telecomunicações

Gilson lembrou, na abordagem que fez, que “com a privatização do sistema de telefonia nacional nos anos 90, era FHC, o País ficou refém das grandes operadoras de telefonia internacional”.

“Para além do péssimo serviço prestado à sociedade brasileira e dos altos preços de mercado praticados pelo cartel das teles, a sociedade do futuro estará completamente vinculada a essa estrutura de serviços”, criticou.

“No governo do presidente Lula [2003-2010], iniciou-se a discussão de construção de empresa pública de capital nacional e estatal BR Oi, que infelizmente não foi adiante. Muitos interesses presentes nessas operadoras agiram no sentido de inviabilizar a concretização dessa empresa nacional vinculada ao governo central”, observou.

Software Livre

“O País vem nos últimos anos, até o golpe de 2016, tentando criar e consolidar uma rede de acesso democrático à internet e à informação”, que é o chamado software livre, lembrou.

“Durante os governos Lula e Dilma foram promovidos os ‘Pontos de Cultura’, importante iniciativa de valorização das manifestações culturais locais, autóctones, e de importante impacto nas comunidades que acontecem, reconhecendo as lideranças locais”, chamou a atenção.

Os chamados “Pontos de Cultura” foram transformados em política pública de Estado, com o advento da Lei 13.018/14, que instituiu, no final do primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, a “Política Nacional de Cultura Viva”.

Nuvens/datacenters nacionais

A “era digital” expôs, segundo a apresentação de Gilson, “um dos grandes trunfos da desnacionalização do conhecimento”, que “são as nuvens de armazenamento, que nada mais são que edifícios de computadores com capacidade de armazenamento e processamento de dados em níveis estratosféricos (milhares de Yottabytes)”.

Universidade Pública Digital

Ao concluir a exposição de abertura dos debates, Reis defendeu a “criação de um programa de Universidade Pública Digital”, para buscar, ainda segundo ele, “ampliar a oferta e o alcance, em território nacional, de cursos e programas de educação superior, por meio da educação a distância amparada nas plataformas digitais”.

Assista a íntegra da exposição e dos debates que se seguiram na “Conferência Livre de Educação e Desenvolvimento na Era Digital”, que foi realizada virtualmente por meio das plataformas digitais da Contee:

Marcos Verlaine

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo