Contee inicia debate sobre a reestruturação financeira das entidades sindicais

Iniciativa visa preparar, segundo Rodrigo de Paula, seminário nacional sobre o tema, a fim de enfrentar a problemática do financiamento da estrutura sindical

Por iniciativa da Secretaria de Finanças da Contee, sob a coordenação de Rodrigo de Paula, a Confederação realizou, nesta quarta-feira (23), reunião com dirigentes dos sindicatos e federações “para trocar experiências”, disse o coordenador sobre a questão do financiamento das entidades sindicais.

A discussão foi iniciada a partir das falas dos representantes da centrais sindicais CTB e CUT em relação às experiências dessas entidades relativas à questão financeira do movimento sindical, impactada, a partir de 2018, pela Reforma Trabalhista, que extinguiu a contribuição sindical obrigatória, que financiava a estrutura organizativa da imensa maioria das entidades sindicais.

Segundo Sérgio de Miranda, secretário de Finanças da CTB, “na hora de fazer o debate sobre finanças acabamos fazendo outros caminhos”. Ele disse que há muita dificuldade de o movimento sindical construir alternativas ao fim do imposto sindical. “Ainda não surgiram alternativas robustas para substituir a contribuição sindical compulsória”, enfatizou.

Miranda lembrou que o movimento sindical tem sobrevivido por meio de prestação de serviços, via convênios, “para estimular a sindicalização.

Seminário Nacional de Finanças

Ao abrir os trabalhos, Rodrigo explicou a motivação da reunião: “preparar o seminário para debater sobre as finanças da Confederação”. Ele lembrou a necessidade de ter “clareza da situação financeira do movimento sindical” para dar continuidade à luta.

“A situação financeira do movimento sindical só vai mudar com a mudança política do País”, destacou o coordenador financeiro da Contee. Desse modo, segundo Rodrigo, é preciso “preparar as estruturas dos sindicatos para disputar o processo político”.

Ao final das explicações do coordenador, ele propôs que o Seminário Nacional de Finanças seja realizado dia 28 de maio, em princípio de forma virtual.

Reforma Trabalhista atingiu objetivo

Antes de apresentar considerações sobre o tema, o secretário de Administração e Finanças da CUT, Ariovaldo de Camargo disse que “o principal objetivo da Reforma Trabalhista [em vigor desde novembro de 2017] foi atingido, que foi enfraquecer o movimento sindical”.

Camargo disse que a CUT tem orientado as entidades de base a buscar e construir fontes alternativas de financiamento de suas estruturas. Para que “as entidades possam ser intermediadoras de prestação de serviços, melhores que as empresas privadas”, ponderou.

“Fazer parcerias com clínicas médicas; com bancos digitais para oferecer crédito consignado aos trabalhadores”, pontificou.

A prestação desses serviços, segundo o dirigente sindical, tem ajudado a aumentar o número de sindicalizados.

Cenários futuros

Ao fazer uso da palavra na reunião, o coordenador geral da Contee, Gilson Reis disse que é “preciso preparar a Confederação para os cenários que advirão do voto popular” a partir das eleições de outubro deste ano.

“Os sindicatos que estiverem sintonizados com as lutas dos trabalhadores irão surfar diante do quadro caótico que vive o povo brasileiro”, chamou a atenção. Ele lembrou ainda, que a “posição dos ministros do STF em relação ao movimento sindical” tem sido sempre contrariar as demandas dos trabalhadores que chegam à Corte Suprema.

Esta, segundo Reis, é outra razão das dificuldades que o movimento sindical tem enfrentado nos últimos tempos.

Ele ponderou que o financiamento da estrutura sindical brasileira precisa se dar por meio do Estado. “Financiar a estrutura sindical é decisão política do trabalhador”, disse.

O coordenador geral da Contee entende que é a “ação sindical que pode mudar a qualidade política do movimento sindical”, daí é necessário estruturar as entidades sindicatos e federações para o embate trabalhista, social e político.

Marcos Verlaine

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