Crise econômica aumenta desemprego entre os jovens

A queda no crescimento da economia brasileira, o aumento da informalidade e a falta de investimentos públicos aumentaram o desemprego na gestão do golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP). Os jovens, que historicamente sofrem para ingressar no mercado de trabalho, são os mais prejudicados nessa longa recessão que se arrasta há três anos no País.

O desemprego de longa duração, em que os trabalhadores procuram emprego por cerca de um ano ou mais, aumentou 130% no quarto trimestre de 2017 se comparado com o mesmo período de 2014. São 5,029 milhões de pessoas nessa condição, das quais 54,1% estão na faixa de 14 a 29 anos de idade.

Para a secretária de Juventude da CUT, Edjane Rodrigues, esse resultado é trágico para a classe trabalhadora, em especial para os jovens, que geralmente entram no mercado de trabalho nos cargos mais precários, pela alegada falta de experiência, e só saem da situação de fragilidade se tiverem oportunidade, estudo e, sobretudo, se o país não enfrentar uma crise econômica grave, como é o caso do Brasil sob o comando de Temer.

“A discussão sobre a falta de oportunidade para juventude é histórica, porém esse cenário se agravou desde que o golpista Temer assumiu e acabou com as políticas de geração de emprego decente”, criticou Edjane.

Para reverter esse cenário, diz o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lucio, só há uma alternativa: o Brasil voltar a crescer economicamente. “O que gera emprego é crescimento econômico”, enfatiza.

Ele destaca que os jovens, no geral, fazem parte da força de trabalho mais precarizada e mais fácil de ser substituída pelo mercado. Em um cenário de crise, a juventude tende a ter mais dificuldade.

O problema se agrava, segundo ele, porque as chamadas portas de entrada dos jovens no mercado de trabalho – funções que exigem menos experiência e qualificação – são ocupadas por adultos com ensino superior completo que, depois de muito tempo desempregados, aceitam trabalhar em funções que remuneram menos.

“As pessoas com experiência e com ensino superior acabam aceitando o salário de quem tem ensino médio, pois é o que aparece e isso impacta nos empregos que geralmente são ocupados por jovens”, explica Clemente.

O economista do Dieese, César Andaco, atenta para outro movimento que ocorre no mercado de trabalho em tempos de crise e que também atinge de maneira especial os mais jovens, que é o aumento dos chamados conta própria.

“O trabalhador por conta própria é aquele que trabalha em condições precarizadas, ganha menos e não tem nenhuma garantia. Essa população geralmente aumenta em momentos de crise econômica”, explica.

É o caso do jovem Leandro de Oliveira, de 20 anos, desempregado desde outubro do ano passado. Após trabalhar quatro anos como office-boy, tenta há meses uma recolocação no mercado, mas praticamente desistiu diante das dificuldades.

Morador do bairro Jardim São Roque, no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, Leandro precisa substituir logo a renda que perdeu e por isso decidiu trabalhar por conta própria como cabeleireiro.

“Já procurei em várias outras áreas, mas a maioria pede experiência e ainda não tenho. Então decidi investir em um curso de cabeleireiro e tentar abrir meu próprio salão”, diz.

O número de trabalhadores por conta própria aumentou 4,8% em 2017, segundo o IBGE. O rendimento médio foi de R$ 1.567 – um pouco superior ao dos empregados sem carteira assinada, mas 25% menor que o dos trabalhadores formais.

O que falta é política pública
Para enfrentar o problema da inclusão de jovens no mercado de trabalho, segundo a secretária de Juventude da CUT, é preciso ampliar políticas públicas que façam o jovem permanecer mais tempo na escola, buscando maior qualificação para o ingresso no mercado de trabalho.

“Se tiver uma política de qualificação profissional para a juventude, as empresas naturalmente irão atrás dos jovens. É preciso crescimento econômico com políticas de inclusão para reverter esse cenário”.

O problema, segundo ela, é que o ilegítimo Temer está na contramão. “Os cortes em programas educacionais, como Fies, ProUni, Pronatec e Ciências Sem Fronteiras são claros exemplos disso”.

*O recorte dos dados do IBGE sobre o desemprego entre os jovens foi feito pelo pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, Fernando de Holanda Barbosa Filho, e divulgado pelo Valor Econômico nesta segunda-feira (26). 

Portal da CUT

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