Delator afirma que foi pressionado para comprometer Lula na Lava Jato do Paraná

Delação de Alexandrino Alencar, ex-Odebrecht, um dos principais delatores da Lava Jato, foi essencial para condenação de Lula em 2019 no caso do sítio de Atibaia

O ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar confirmou o que até agora era restrito a conversas reservadas entre clientes, advogados e mesmo entre magistrados de cortes superiores: procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato do Paraná o pressionaram para incluir o nome do ex-presidente Lula nos acordos de delação premiada.

Segundo Alexandrino, um dos principais delatores da Lava Jato, operação comandada pelo ex-juiz Sérgio Moro e pelo procurador Deltan Dallagnol, o ex-presidente era “o principal alvo” dos investigadores, que o pressionaram a chegar “ao limite da verdade” para envolver Lula em sua delação.

A pressão foi confirmada em uma entrevista para o filme “Amigo Secreto”, da cineasta Maria Augusta Ramos, que estreia nacionalmente na próxima quinta-feira (16). As revelações foram antecipadas pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

“Estava nítido que a questão era com o Lula”, diz ele na entrevista a cineasta”. Eram questionamentos sobre “o irmão do Lula, o filho do Lula, não sei o que do Lula, as palestras do Lula”.

A delação de Alexandrino foi uma das colaborações que deram base para a condenação de Lula em 2019 por corrupção e lavagem de dinheiro devido às reformas realizadas pela Odebrecht no sítio de Atibaia.

Depois de ceder à pressão dos investigadores, Alencar assinou um acordo de delação premiada e declarou gastos da Odebrecht com obras no sítio entre 2010 e 2011. Em 2021, a Justiça extinguiu a punição a Lula. “Se eu falasse mais, eu estaria inventando. (…) Eu contei a verdade. Eu cheguei no limite da minha verdade”, declara Alencar no filme.

O ex-executivo afirma ainda que outros delatores, sob pressão, mentiram para os investigadores para poder assinar a colaboração e ver suas penas de prisão diminuídas.

Alencar também afirma que os interrogadores soltaram um dos investigados que citou o nome do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) como beneficiário de caixa dois. O tucano foi um dos políticos que encampou a campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) após perder a disputa presidencial em 2014 para a petista.

“Não vou dizer o nome do santo. Mas tem colega meu que foi preso em Curitiba, chegou lá, o pessoal começou a perguntar sobre caixa dois. Ele falou: ‘Isso aqui é para o Aécio Neves’. Na hora em que ele falou, eles se levantaram e soltaram ele. Isso é Lava Jato? Isso é um sistema anticorrupção? Ou é uma questão direcionada?”, questiona Alencar.

Em 23 de junho do ano passado, por 7 votos a 4, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que Moro agiu com parcialidade e tramou contra o ex-presidente Lula no maior escândalo judicial da história do Brasil e declarou Moro parcial na condenação do ex-presidente no caso do triplex no Guarujá.

CUT

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