Diretoria Executiva faz intenso debate nesta sexta-feira (16)

O editor internacional do portal Brasil 247, José Reinaldo Carvalho, participou hoje (16) da reunião da Diretoria Executiva da Contee, como convidado, para contribuir com a análise da conjuntura nacional e internacional e o debate que se seguiu. Começando pelo cenário internacional, Reinaldo remeteu à posse de Joe Biden, novo presidente dos Estados Unidos, “principal potência do planeta”. Ele lembrou que as forças progressistas viram com bons olhos a derrota do ex-presidente Donald Trump, da ultradireita, e que Biden tem tomado medidas buscando um novo ciclo econômico no país, entre as quais a aceleração da vacinação dos estadunidenses contra a pandemia do coronavírus.

Ainda conforme Reinaldo, porém, na política externa, a Casa Branca continua defendendo os interesses profundos do imperialismo norte-americano, enquanto busca uma nova política de aliança com os membros da Organização do Atlântico Norte e da União Europeia, que foi abalada por Trump. Segundo ele, o centro da ação do governo Biden é a contenção da China e da Rússia no campo comercial, tecnológico, militar, geopolítico etc. “O posicionamento geral tem sido de agravar, e não aliviar, tensões. Na América Latina, é mantido o alinhamento com a extrema direita e a hostilidade a Cuba”, destacou.

Sobre a conjuntura nacional, Reinaldo considerou o governo Bolsonaro “genocida, que premia a ignorância, a falta de civilidade e a incultura”. “Trata-se de governo antidemocrático, que pretende uma ditadura unipessoal de Jair Bolsonaro, apoiado em milícias, facções das Forças Armadas e das polícias militares e pelo lumpemproletariado; um governo entreguista, antinacional, de desnacionalização e abertura ao capital financeiro internacional. Ele dá continuidade à política antipopular do golpista Michel Temer, de retirada dos direitos do povo e dos trabalhadores e sucateamento dos serviços públicos”.

Para o editor do Brasil 247, a solução para o Brasil é “afastar Bolsonaro e, se não for possível, nos prepararmos para derrotá-lo na batalha eleitoral de 2022”. “A decisão do Supremo Tribunal Federal de cancelar a condenação do ex-presidente Lula foi a primeira derrota contundente dos golpistas, que afastaram Dilma Rousseff, e da Lava Jato. Criam-se condições favoráveis para recuperar o terreno perdido pela democracia brasileira”, enfatizou.

Referindo-se à instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia pelo Senado, o jornalista avaliou que ela “pode desencadear, também, novas condições políticas”. Em sua visão, “o país está dividido em três campos políticos: extrema-direita (Bolsonaro e seus apoiadores); esquerda (Lula, PT, PSOL, PCdoB e outros partidos); e um grupo de direita, que quer apresentar-se como centro e que busca ainda uma candidatura e representa o grosso da classe dominante, hoje”. Para ele, “é justa a luta pela unidade, pela frente ampla de todas as forças democráticas, patrióticas e progressistas com um programa antineoliberal visando a próxima eleição presidencial. A liderança capaz de unir esse grupo é Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive porque seu governo e o da Dilma foram exitosos, mesmo com suas debilidades”.

Pauta extensa

Passado o debate de conjuntura, a pauta da reunião da Diretoria Executiva seguiu intensa e extensa. O primeiro tópico foi a preparação para o X Conatee, com esclarecimentos sobre os prazos para realização — e comunicação antecipada à Confederação — das assembleias dos sindicatos para eleição de delegados para o congresso.

Outro ponto importante foi a campanha salarial nacional. O GT da Executiva responsável por discutir as questões trabalhistas apontou alguns encaminhamentos, entre os quais a denúncia aos órgãos competentes sobre os sindicatos patronais que têm se recusado a negociar com as entidades sindicais de professores e técnicos administrativos. Também foi proposto que, na reunião da Diretoria Plena da Contee, que acontece nos próximos dias 23 e 24 de abril, seja aberto um espaço para que os diretores relatem o andamento das negociações nos municípios e estados. Foi defendida ainda a realização de uma forte campanha nacional nas mídias e redes sociais pela Contee.

A seguir, a Executiva passou ao debate da próxima Conferência Nacional Popular de Educação (II Conape), lançada há uma semana e marcada para acontecer no próximo ano (confira mais no programa Contee Conta). Foram destacados os pontos do documento-referência em construção que tratam do setor privado, incluindo a perda de qualidade a partir da atuação de empresas de capital aberto, a padronização do ensino, os ataques antidemocráticos que são, por si só, também privatistas e a necessidade de uma regulamentação qualificada da educação privada. A Diretoria propôs a realização de um encontro, juntamente com as entidades filiadas, para debater os documentos preparatórios e a importância do envolvimento das bases na construção e realização da Conape.

Os dois últimos pontos de pauta foram: 1) a apresentação de um convite para que a Contee participe de uma pesquisa nacional, conduzida pela USP e outras universidades, sobre o impacto da Covid-19 entre os trabalhadores; e 2) a proposta do novo curso de formação da Contee, em parceria com o Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES) e com a Central Única dos Trabalhadores (CUT). O curso deve ter como eixos temáticos as relações entre as mídias digitais e a educação e as novas formas de exploração do trabalho diante dessas novas tecnologias. A intenção é de que seja feita também, dentro da programação, uma oficina com os sindicatos filiados, da qual possam sair propostas para pensar a regulamentação do trabalho no âmbito da educação privada.

Para encerrar o debate, diretores deram informes sobre a greve dos trabalhadores em educação contra a volta às aulas presenciais em São Paulo e sobre a demissão do presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Benedito Guimarães Aguiar Neto, e entrega do cargo a Cláudia Mansani Queda de Toledo, que teve um curso de pós-graduação que coordenava descredenciado pela própria Capes em 2017 por não ter atingido a nota mínima para continuar em funcionamento. Houve informes também sobre as petições protocoladas pela Contee no STF a respeito da pandemia (leia mais aqui e aqui) e sobre a demissão da presidenta do Sinpro Campinas e Região, Conceição Fornasari, pela Universidade Metodista de Piracicaba (leia aqui a nota de repúdio da Contee).

Por Carlos Pompe e Táscia Souza

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