Disparada de casos põe em xeque volta às aulas na França

Enquanto país registra mais de 5 mil casos diários, 13 milhões de alunos deverão voltar às escolas. Governo trata retorno como chave para economia e sociedade, mas não esconde preocupação – e possível mudança nos planos

“Não vamos nos enganar: a gente sabe que, com 25 alunos na sala, vai ser impossível controlar todos o tempo inteiro”, admite a professora Cecile Cluchier, que trabalha em Antony, um subúrbio de Paris. Sua escola reabre nesta terça-feira (01/09), após meses de restrições devido à pandemia. E ela tem certeza: não vai ser possível controlar se todas as crianças estão lavando as mãos com regularidade e mantendo distância.

Cluchier não está isolada em sua preocupação. A disparada no número de casos de covid-19 na França está levando as autoridades do país a questionar a viabilidade da volta às aulas como planejado. Só no último sábado, foram mais de 5.400 novas infecções. Na sexta-feira, o país havia registrado 7.379 novas infecções, o número mais alto desde 31 de março. Na quinta-feira anterior, a cifra havia superado 6 mil.

A França planeja uma reabertura das escolas, com comparecimento obrigatório para seus quase 13 milhões de alunos, para esta terça-feira (01/09). As autoridades estavam relutantes em prorrogar ainda mais a data, preocupadas com o fato de que a pandemia acentuou a discrepância de aprendizado entre alunos ricos e pobres, além de ter sobrecarregados os pais, cuja atividade é necessária para reanimar a economia. Mas o fato de o país voltar a registrar milhares de casos de covid-19 por dia gerou preocupação.

No domingo, o ministro da Educação Jean-Michel Blanquer admitiu ao Journal du Dimanche que algumas escolas permanecerão fechadas em regiões do país onde a nova onda de contágios está mais forte. Ele disse que aberturas e fechamentos estão sendo decididos com base em uma análise diária da situação de cada parte do país.

No sábado, médicos franceses publicaram uma carta conjunta em que classificam as medidas do governo para as escolas como não rígidas o suficiente. Eles defendem a obrigatoriedade de máscaras para crianças a partir de seis anos de idade e uma combinação de educação presencial e à distância.

As escolas francesas se preparam para retomar, em grande parte, com o ensino normal, com máscaras necessárias durante todo o dia apenas para maiores de 11 anos e com algumas restrições de movimentação e reunião. Professores terão sempre que usar máscaras.

Outros países europeus estão adotando um modelo diferente. Na Alemanha, por exemplo, para reduzir o risco de infecção, em alguns estados os alunos foram divididos em grupos fixos com várias turmas, que não devem se encontrar nas dependências da escola. Na Dinamarca, há também turmas menores e mais professores, com mistura de aulas presenciais e on-line.

Quando as escolas reabriram em maio pela primeira vez na França, cabia aos pais decidir se mandariam os filhos de volta ou não. Mas agora, em setembro, o país voltará à norma da escolaridade obrigatória para todos. Quem quiser continuar com as aulas em casa deverá passar por um processo de registro junto às autoridades locais.

A situação do coronavírus varia regionalmente na França. O governo classificou 21 departamentos como áreas de risco. Essas chamadas zonas vermelhas estão localizadas sobretudo na costa mediterrânea e ao redor da capital Paris. Vários países têm no momento alerta de viagens para regiões francesas e exigem quarentena ou testes de quem volta de lá.

O presidente Emmanuel Macron advertiu contra o fechamento geral das fronteiras, que segundo ele não é a maneira correta de controlar a pandemia. “Não vamos repetir os erros de março sobre esta questão”, disse. Mas a França está tentando combater a epidemia com medidas duras. Em cidades como Paris e Estrasburgo, as máscaras são agora obrigatórias nas ruas. Além disso, a capital francesa planeja em breve disponibilizar centrais de testes gratuitos em toda a cidade.

O governo enfatiza repetidamente que quer evitar a imposição de restrições em todo o país. O premiê Jean Castex já disse que a situação atual não é comparável à situação de março e abril, já que se está testando muito mais do que naquela época. Segundo o porta-voz do governo Gabriel Attal, a “marca histórica” de 900 mil testes por semana foi quebrada no sábado.

A França já registrou mais de 30.500 mortes pelo coronavírus e mais de 315 mil infecções desde o início da epidemia.

Deutsch Welle

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