Indústria em queda inibe otimismo da mídia

Por Altamiro Borges

Parte da mídia monopolista – tendo à frente a Globo, a Folha e Veja – critica o laranjal de Jair Bolsonaro por seu conservadorismo nos costumes e seu autoritarismo na política. Outra parte – incluindo Record e SBT – apoia a brutal regressão nesses terrenos, sendo compensada pelo aumento das verbas da publicidade oficial. Já no terreno econômico, o conjunto da mídia hegemônica está totalmente coeso, em um pensamento único emburrecedor, na defesa da agenda ultraneoliberal do “parasita” Paulo Guedes. Tanto que difunde um falso otimismo na sociedade sobre os êxitos dessa agenda de desmonte do Estado, da nação e do trabalho.

Esse entusiasmo, porém, tem sofrido abalos. Após criar uma onda de euforia no final de 2019 – o que pode ter contido a rejeição ao “capetão” nas pesquisas –, a mídia rentista esmoreceu e agora destaca alguns sinais negativos na economia. Na semana passada, o jornal Valor estampou: “Indústria confirma fraqueza e fecha 2019 com queda de 1,1%”.

No mesmo rumo do desencanto, Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada da FGV, escreveu na Fola que a queda na indústria “foi ducha de água fria para quem espera para 2020 uma retomada mais forte da economia… A produção industrial ficou 15% abaixo do patamar de antes da recessão de 2014-16″.

Já o jornal O Globo, outro entusiasta da agenda ultraneoliberal do governo fascista, explicitou seus temores. “Depois de ensaiar uma recuperação por dois anos consecutivos, a indústria brasileira fechou 2019 com queda de 1,1%, segundo o IBGE. Trata-se do pior resultado desde 2016”. Segundo os tais “analistas do mercado” ouvidos pelo O Globo, “o desempenho da indústria como um todo ficou abaixo das expectativas, mesmo considerando a ocorrência de fatores não planejados. Das 24 atividades pesquisadas pelo IBGE, 16 tiveram queda no ano, indicando retração disseminada”.

Nessa quinta-feira (13), os jornalões voltaram a publicar análises preocupantes sobre os rumos da economia. O noticiário aponta que as exportações do agronegócio caíram 10% em janeiro; as vendas somaram US$ 5,8 bilhões. As áreas com maiores quedas foram da soja e derivados, produtos florestais, milho e café. Só a venda de carnes registrou expansão – tendo como destino principal a China, agora abalada com o coronavírus.

Sem fazer qualquer autocrítica, a mídia também confirmou, finalmente, que houve queda das vendas do varejo em dezembro – ao contrário da propaganda mentirosa sobre a alta recorde no período de Natal. Segundo o IBGE, o setor do comércio interrompeu sete meses seguidos positivos e registrou queda de 0,1%.

Como reconhece o jornal Valor, “o novo dado fraco do varejo indica fragilidade da retomada do crescimento econômico”. Em 2019, o comércio cresceu 1,8%. A queda no mês das vendas de Natal veio na contramão da expectativa do mercado, que projetava alta de 0,2%. Até Miriam Leitão, uma entusiasta do neoliberalismo, já reconhece as dificuldades no jornal O Globo: “A recuperação continua em passos lentos”.

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