Insistente, Bolsonaro volta a atacar as urnas eletrônicas e faz ameaças veladas

Presidente da República diz que Exército identificou dezenas de vulnerabilidades em urna eletrônica

Depois de lançar no ar enigma sobre algo que acontecerá para “nos salvar” nos próximos dias, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou à carga sobre a confiabilidade do voto por meio de urnas eletrônicas no País.

Contumaz, o chefe do Poder Executivo continua sua marcha para desorganizar o debate político-eleitoral e, consequentemente, o pleito de outubro de 2022. A insistência em algo que já resolvido tem esse propósito.

Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, nesta quinta-feira (10), Bolsonaro disse que as Forças Armadas identificaram “dezenas de vulnerabilidades” no sistema de votação e cobrou resposta do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

“Nosso pessoal do Exército, da guerra cibernética, buscou o TSE e começou a levantar possíveis vulnerabilidades. Foram levantadas várias, dezenas de vulnerabilidades. Foi oficiado o TSE para que pudesse responder às Forças Armadas. Passou o prazo e ficou um silêncio”, disse o presidente.

“O prazo de 30 dias se esgotou no dia de hoje [quinta-feira]. Isso está nas mãos do ministro Braga Netto (Defesa) para tratar desse assunto”, acrescentou.

“E ele está tratando disso e vai entrar em contato com o presidente do TSE. E as Forças Armadas vão analisar e dar uma resposta”, afirmou o presidente na ‘live’ presidencial desta quinta-feira.

Bolsonaro disse que no Brasil “todo mundo quer” eleições auditáveis, com contagem pública de votos, assuntos já superados pelos legisladores. Afirmou também que a eleição tem de ser resolvida “em dois turnos”, porque “não pode terminar e ter dúvida”.

Por que a urna eletrônica é segura

Em artigo disponível no portal do TSE, o bacharel e mestre em ciência da computação pela UnB (Universidade de Brasília) e analista judiciário do TSE, lotado na Seção de Voto Informatizado, Rodrigo Carneiro Munhoz Coimbra, escreveu que “Um dos procedimentos de segurança que pode ser acompanhado pelo eleitor é a Cerimônia de Votação Paralela. Na véspera da eleição, em audiência pública, são sorteadas urnas para verificação. Essas urnas, que já estavam instaladas nos locais de votação, são conduzidas ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e substituídas por outras, preparadas com o mesmo procedimento das originais.”

“No dia das eleições, também em cerimônia pública, as urnas sorteadas são submetidas à votação nas mesmas condições em que ocorreria na seção eleitoral, mas com o registro, em paralelo, dos votos depositados na urna eletrônica”, continua a explicação.

“Cada voto é registrado numa cédula de papel e, em seguida, replicado na urna eletrônica, tudo isso registrado em vídeo. Ao final do dia, no mesmo horário em que se encerra a votação, é feita a apuração das cédulas de papel e comparado o resultado com o boletim de urna”, segue.

“Outro mecanismo bastante simples de verificação é a conferência do boletim de urna. Ao final da votação, o boletim com a apuração dos votos de uma seção transforma-se em documento público”.

“O resultado de cada boletim pode ser facilmente confrontado com aquele publicado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na Internet, seja pela conferência do resultado de cada seção eleitoral, seja pela conferência do resultado da totalização final. Esse é um procedimento amplamente realizado pelos partidos políticos e coligações há muito tempo e que também pode ser feito pelo eleitor”, assevera.

Marcos Verlaine

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