Lucro recorde da Caixa é resultado do corte de empregos e aumento de tarifas

A Caixa Econômica Federal registrou um lucro líquido de R$ 6,65 bilhões no 1º semestre de 2018, crescimento de 63,3% se comparado ao mesmo período de 2017, depois de demitir trabalhadores e trabalhadoras, fechar agências bancárias, aumentar as tarifas cobradas dos clientes e não apresentar propostas concretas aos bancários na negociação da Campanha Salarial 2018.

Ignorando o papel social de um banco público, o Relatório de Administração da Caixa aponta, entre os principais fatores que influenciaram diretamente no resultado, a diminuição em 7,5% das despesas administrativas, especialmente com pessoal – ou seja, demissões de trabalhadores e trabalhadoras sem reposição do quadro de funcionários.

Em 12 meses, a Caixa fechou 3.777 postos de trabalho por meio do Programa de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE) e do Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA). Com isso, encerrou o primeiro semestre deste ano com 86.424 trabalhadores. No mesmo período de 2014, antes do golpe de Estado, a instituição tinha 101 mil trabalhadores. Além disso, o banco fechou 66 agências bancárias enquanto a carteira de clientes aumentou em 4,5 milhões.

Já com prestação de serviços e renda das tarifas bancárias, que recaem sobre os clientes do banco, a Caixa aumentou em 6,5% suas receitas, totalizando R$ 13 bilhões ao final do 1º semestre de 2018.

A representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, critica os fatores apontados pelo banco como responsáveis pelo desempenho. Segundo ela, não podemos comemorar um lucro conseguido a partir do desmonte do papel social da instituição.

“O que se observa, de fato, é a busca por uma rentabilidade cada vez maior, assim como ocorre nos bancos privados, em detrimento do papel social do banco. Com isso, a Caixa abandona o compromisso de se manter como o banco das menores taxas e maior investidor no desenvolvimento do País.”

De acordo com Rita, o papel de um banco público, como é o caso da Caixa, é garantir o desenvolvimento e a oferta de crédito à população, em especial de baixa renda, além de oferecer boas condições de trabalho aos bancários que garantem o atendimento do banco.

“E isso só será retomado se o modelo de governo mudar, sendo de fato comprometido com o Brasil e seu povo”, diz Rita, lembrando que a Caixa segue sendo o principal agente operador dos programas sociais do governo federal.

No primeiro semestre de 2018, a Caixa foi responsável pelo pagamento de 80,9 milhões de benefícios sociais, como o Programa Bolsa Família, totalizando R$ 14,5 bilhões. Além de benefícios trabalhistas, como Seguro-Desemprego, Abono Salarial e PIS (total de 88,5 milhões de benefícios), o banco também foi responsável pelo pagamento das aposentadorias e pensões aos beneficiários do INSS (37,7 milhões de pagamentos) e da arrecadação do FGTS, com os saques totalizando R$ 54,7 bilhões.

Campanha Salarial 2018

Para o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Dionísio Reis, é um absurdo a Caixa apresentar um resultado financeiro como esse e na mesa de negociação da Campanha Salarial trazer como proposta a retirada de direitos dos trabalhadores que estão sobrecarregados para atingir as metas impostas pelo banco.

“A Caixa precisa reconhecer o esforço de seus trabalhadores, que realizaram um trabalho extraordinário no atendimento à população para garantir o pagamento do PIS e do FGTS decretados pelo governo, e colocar uma proposta decente já na próxima rodada de negociação”, defende.

Segundo Dionísio, o banco vem ameaçando a sustentabilidade do plano de saúde dos funcionários (Saúde Caixa), além de sinalizar que não pretende pagar a PLR Social e outros direitos estabelecidos no Acordo Coletivo de Trabalho específico dos bancários da Caixa.

Já a secretária de Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e representante dos trabalhadores na mesa de negociação com a Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, alerta para o fato de que os bancários estão trabalhando em excesso, sobretudo após a redução do quadro de funcionários, e isso precisa ser valorizado pela direção do banco.

“Há um grande esforço por parte dos trabalhadores para alcançar as metas com menos funcionários, aumento do número de clientes e fechamento de agências. É preciso que o banco valorize os bancários e a população, contratando mais empregados para melhorar o atendimento e reduzir a sobrecarga”, defende.

Nesta terça-feira (21), será realizada a oitava rodada de negociação da Campanha Nacional Unificada 2018. Os acordos específicos da Caixa Federal e Banco do Brasil serão discutidos após o encerramento da mesa de negociação com a Federação dos Bancos (Fenaban).

Portal da CUT

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