Luiz Carlos Cancellier: presente!

O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier, foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira (2) no Shopping Beira-Mar, em Florianópolis. Ele vinha sendo investigado pela operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal, que apura supostos desvios de recursos em programa de bolsas de ensino a distância no curso de Administração. As acusações referem-se à gestão anterior à sua, como ele mesmo reafirmou em carta encontrada hoje em seu bolso. Apesar disso, Cancellier foi preso na semana passada e, depois de solto, afastado do cargo na universidade sob a acusação de obstrução da investigação.

“A humilhação e o vexame a que fomos submetidos — eu e outros colegas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) — há uma semana não tem precedentes na história da instituição”, diz a última carta. “No mesmo período em que fomos presos, levados ao complexo penitenciário, despidos de nossas vestes e encarcerados, paradoxalmente a universidade que comando desde maio de 2016 foi reconhecida como a sexta melhor instituição federal de ensino superior brasileira; avaliada com vários cursos de excelência em pós-graduação pela Capes e homenageada pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Nos últimos dias tivemos nossas vidas devassadas e nossa honra associada a uma “quadrilha”, acusada de desviar R$ 80 milhões. E impedidos, mesmo após libertados, de entrar na universidade.”

A Contee divulga a nota de pesar abaixo, lamentando a morte de Cancellier e repudiando o estado policial do qual ele foi vítima: 

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee manifesta seu profundo pesar e indignação com o falecimento do professor Luiz Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, ocorrido nesta segunda-feira, 2 de outubro. Pesar pela perda de um militante aguerrido, atuante desde o movimento estudantil, e que muito contribuiu em defesa da universidade pública e da educação brasileira. Indignação porque Luiz Carlos Cancellier não se suicidou, mas foi suicidado, vítima do Estado de exceção que vive o Brasil.

É inadmissível a forma como ele, que assumiu a reitoria da UFSC em pleno processo de desmonte, tenha tido sua honra destruída por autoridades públicas e por um estado policial desrespeita direitos básicos dos cidadãos e atropela o Estado democrático de direito.

Nossa solidariedade à família e aos amigos de Luiz Carlos Cancellier neste momento de tristeza. Continuaremos, como ele, nossa luta em defesa da educação e dos direitos de cidadania.

Brasília, 2 de outubro de 2017.

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee

Por Táscia Souza

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