“Minha obsessão é fazer o Brasil crescer e criar empregos”, diz Lula no JN

“Eu e o Alckmin vamos consertar o Brasil e fazer o povo brasileiro feliz novamente”, acrescentou o ex-presidente. Lula disse que Bolsonaro se transformou num bobo da corte. “Nem no orçamento ele manda mais”. “Agora é unir os divergentes para derrotar os antagônicos do fascismo”, conclamou

O ex-presidente Lula participou nesta quinta-feira (25) de entrevista no Jornal Nacional da Rede Globo e afirmou que sua obsessão é fazer o Brasil voltar a crescer e gerar empregos. Ele destacou sua passagem exitosa pelo governo e a experiência de Geraldo Alckmin, seu vice, para “consertar o Brasil e fazer o povo brasileiro ser feliz novamente”.

O ex-presidente disse que se for eleito, vai reunir os 27 governadores logo em janeiro para discutir as obras prioritárias e criar um grande programa de investimentos públicos em infraestrutura.

Os entrevistadores, Willian Bonner e Renata Vasconcellos, iniciaram o programa com o tema da corrupção. Bonner lembrou que o Supremo Tribunal Federal considerou o ex-juiz Sérgio Moro parcial e que, portanto, o ex-presidente não deve nada à Justiça, mas, destacou que houve corrupção e perguntou a Lula como ele espera convencer a população que não haverá corrupção num novo governo.

“A corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada”, disse Lula, lembrando que foi em seu governo que os órgãos de combate à corrupção foram mais fortalecidos, fazendo um contraponto ao aparelhamento desses mesmos órgãos pelo governo Bolsonaro. “O que eu acho maravilhoso é denunciar as pessoas por corrupção, o que é grave é quando a corrupção fica escondida. Por isso é importante uma imprensa livre, uma Justiça eficaz. Se tiver problema de corrupção tem que ser denunciado”, apontou Lula.

“A corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada”

Lula chamou o Orçamento Secreto de excrescência e que isso sim é a grande corrupção. Isso é usurpação do poder. Acabou o presidencialismo. Bolsonaro não manda nada. Ele sequer cuida do orçamento, quem cuida é o Lira. Ele que libera verba.

O ministro liga para ele e não liga pra o presidente da República. O Bolsonaro parece um bobo da corte. Ele não coordena o orçamento. Ele acabou de aumentar o auxílio emergencial. Ele queria R$ 200, nós queríamos R$ 600 e acabou ficando R$ 600.

“Ele aumentou sabe até quando? Até 31 de dezembro, porque na LDO que ele mandou para o Congresso Nacional, não tem a continuidade. Ele acaba de mandar LDO sem a verba e vem aqui mentir que vai continuar. Se ele vai continuar por que ele não colocou na LDO?”, indagou o ex-presidente, desmascarando a demagogia de Bolsonaro.

“O Bolsonaro parece um bobo da corte”

“Foi no meu governo que criamos o portal da transparência, a CGU como ministério para a fiscalizar, criamos lei de acesso à informação, criamos a lei contra a corrupção, a lei contra o crime organizado, a lei contra a lavagem de dinheiro, a AGU entrou na luta contra a corrupção, criamos o Coaf para cuidar de movimentações financeiras atípicas”, lembrou.

Lula lembrou ainda que o Ministério Público e a Polícia Federal tiveram o seu governo total independência e a maior liberdade que qualquer outro governo da história. “Em 2005, quando surgiu a questão do mensalão, eu disse que só existe uma condição para uma pessoa não ser investigada neste país, é se essa pessoa não cometer. Se cometer erro vai ser investigado”, afirmou Lula. O erro da Lava Jato, segundo ele, foi que “ela ultrapassou o limite da política e o objetivo era o Lula”.

“Eu poderia ter escolhido um procurador engavetador, sabe, aquele cara que você escolhe e que nenhum processo vai para frente, eu poderia ter feito isso e não fiz”, disse Lula. “Escolhi na lista tríplice”, destacou. “Eu não quero um procurador leal a mim, ele tem que ser leal ao povo brasileiro e à instituição. Eu não quero amigos, eu quero pessoas sérias ilibadas que falem em nome da instituição que eles representam”, acrescentou o candidato.

“Eu poderia ter escolhido um procurador engavetador, sabe, aquele cara que você escolhe e que nenhum processo vai para frente, eu poderia ter feito isso e não fiz”, disse Lula

“Eu poderia ter um chefe da Polícia Federal que eu pudesse controlá-lo, não fiz. Permiti que as coisas acontecessem do jeito que precisavam acontecer. Vamos criar mecanismos para continuar investigando qualquer delito que aconteça na máquina pública brasileira”, acrescentou o ex-presidente.

Renata Vasconcellos e Willian Bonner entrevistaram Lula (reprodução)
“Eu poderia fazer decreto de 100 anos, sabe, esse decreto de sigilo, que está na moda agora, para não apurar nada, decreto para os meus filhos, decreto para meus assessores, poderia colocar um tapetão e não investigar nada e nada vai ser apurado e aí não vai ter corrupção”, prosseguiu Lula. “E a corrupção, disse, “só aparece quando você governa de forma republicana e permite que as pessoas sejam investigadas independentemente de quem seja. E eu tive a sorte de ter um ministro do porte do Márcio Tomás Bastos que era uma figura inatacável”.

“Eu poderia fazer decreto de 100 anos, sabe, esse decreto de sigilo, que está na moda agora, para não apurar nada, decreto para os meus filhos, decreto para meus assessores, poderia colocar um tapetão e não investigar nada e nada vai ser apurado e aí não vai ter corrupção”, prosseguiu

Lula voltou a falar de seu projeto de criar um grande plano de investimentos em infraestrutura e lembrou que as indústrias de construção no Brasil foram vítimas de um tipo de investigação que prejudicou o seu funcionamento, diferente, segundo Lula, das investigações da Samsumg, na Coreia, da Alston, na França e da Volkswagen, da Alemanha, onde os executivos foram presos, mas as empresas continuaram.

Sobre a Petrobrás, Lula disse que você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram. “O grave é que as pessoas confessaram e ficaram ricas por conta de confessar. Foram premiadas, não só ganhavam a liberdade por falar o que queria o Ministério Público, mas ganhava também metade do que roubou”, denunciou. Lula disse que no Brasil as pessoas são condenadas pelas manchetes de jornais, depois não se volta atrás.

O ex-presidente destacou que está havendo muita interferência na Polícia Federal. “O Bolsonaro troca diretor na hora que ele quer. Basta que ele não goste e eu não fiz isso e não vou fazer. O delegado não está lá para fazer as coisas que eu quero”, afirmou.

Sobre economia, ao ser perguntado sobre o que ele vai fazer para resolver os problemas das contas públicas, Lula lembrou que quando pegou o Brasil em 2003 o Brasil estava quebrado. “Quando eu tomei posse a inflação estava em 10,5%, tinha 12% de desemprego, o Brasil devia 30 bilhões ao FMI, nós tínhamos uma dívida pública de 60,4% do PIB. Nós reduzimos a inflação para 4%, nós reduzimos a dívida pública de 60,4% para 39%, nós fizemos uma reserva de 370 bilhões de dólares e ainda emprestamos 15 bilhões de dólares ao FMI”, disse o ex-presidente.

“Quando eu tomei posse a inflação estava em 10,5%, tinha 12% de desemprego, o Brasil devia 30 bilhões ao FMI, nós tínhamos uma dívida pública de 60,4% do PIB. Nós reduzimos a inflação para 4%, nós reduzimos a dívida pública de 60,4% para 39%, nós fizemos uma reserva de 370 bilhões de dólares e ainda emprestamos 15 bilhões de dólares ao FMI”

Lula falou de três palavras que para ele são muito importantes: credibilidade, previsibilidade e estabilidade. Porque, segundo ele, é isso que vai permitir que os empresários brasileiros e os empresários estrangeiros invistam no país. “Nunca na história do Brasil o país teve uma chapa como esta de Lula e Alckmin, que é uma chapa que vai ganhar a credibilidade interna e externa para fazer acontecer as coisas no Brasil”, disse Lula.

Bonner lembrou que depois do governo Lula veio o governo Dilma que, segundo ele, tomou medidas para tentar manter o crescimento da economia aumentando gastos públicos, tentando segurar preços de combustíveis e de energia. O jornalista afirmou que o resultado disso foi uma grande recessão e uma explosão da inflação. Depois de elogiar Dilma, e, principalmente o seu primeiro mandato, destacando que, mesmo com o agravamento da crise internacional, ela se endividou “para poder manter as políticas sociais e manter o emprego em 4,5%”, Lula respondeu ao jornalista.

“Eu acho que a Dilma cometeu equívocos, na questão da gasolina, ela sabe que eu penso isso. Eu acho que ela cometeu equívoco na hora que deu R$ 540 bilhões de desonerações criando um rombo fiscal de 2011 a 2014. Quando ela tentou mudar, ela tinha uma dupla dinâmica contra ela, Eduardo Cunha e Aécio Neves”, afirmou Lula. Como Bonner insistiu para saber se o governo de Lula vaio ser diferente de Dilma, O candidato brincou dizendo que quando ele saísse do JN e outra pessoa assumisse, ele saberia o que quer dizer “rei morto, rei posto”.

“Eu acho que a Dilma cometeu equívocos, na questão da gasolina, ela sabe que eu penso isso. Eu acho que ela cometeu equívoco na hora que deu R$ 540 bilhões de desonerações criando um rombo fiscal de 2011 a 2014”

“Eu estou querendo voltar porque eu acho que é possível fazer a economia melhorar, gerar empregos. Eu acredito nisso, se eu não acreditasse eu não voltaria”, disse Lula. Willian Bonner insistiu nos números negativos de Dilma e Lula rebateu dizendo que pegou a inflação em 10% e baixou para 4%.

Lula disse que ele e Alckmin vão consertar o Brasil e trazer a alegria novamente ao povo brasileiro (reprodução)
“Se há uma coisa que eu sei fazer é melhorar índices e melhorar a vida do povo”. “Hoje temos 10 partidos comigo e ainda tenho a experiência do Alckmin”, lembrou.

“Nos juntamos eu e Alckmin para mostrar para a sociedade que política não tem que ter ódio”, destacou. Lula questionou se eles tinham a dimensão da gravidade do Orçamento Secreto. Todos os presidente, num regime presidencialista, governam estabelecendo relações com o Congresso Nacional. O centrão não é um partido político. O nome centrão foi cunhado para poder nos derrotar na Constituinte de 1988 porque nós tínhamos avançado na questão social.

“Nos juntamos eu e Alckmin para mostrar para a sociedade que política não tem que ter ódio”

Sobre uma suposta animosidade da militância do PT com Alckmin, levantada por Willian Bonner, Lula brincou dizendo que os dois (ele e o jornalista) não estariam no mesmo mundo. O ex-presidente disse que está até com ciúme do Alckmin. “Ele fez um discurso outro dia e foi aplaudido de pé. Eu fiquei até com ciúme”, brincou Lula. “O Alckmin já foi aceito pelo PT de corpo e alma”, acrescentou. “Ele, com a experiência de 16 anos de governo de SP e mais seis anos de vice do Covas, vai me ajudar muito a consertar esse país”.

“Esse país tem que voltar a crescer, tem que voltar a ser feliz com empregos. O povo tem que voltar a comer um churrasquinho com uma cerveja. É porque eu acredito nisso que eu estou querendo me eleger, para consertar esse país”, afirmou Lula. “Feliz era esse país quando a polarização era entre PT e PSDB. Não havia ódio”, destacou. “Tem que resolver as divergências sem achar que são inimigos”, prosseguiu.

“Esse país tem que votar a crescer, tem que voltar a ser feliz com empregos. O povo tem que voltar a comer um churrasquinho com uma cerveja”

“A polarização é normal. Não tem polarização no Partido Comunista chinês, no partido Comunista de Cuba. A polarização é saudável, ele é importante, é estimulante. ela faz a militância ir para a rua, carregar bandeira. O que é importante é não confundir polarização com o estímulo ao ódio”, observou Lula. Ele citou a frase de Paulo Freire de que tem que unir os divergentes para derrotar os antagônicos. “Agora temos que unir os divergentes para derrotar os antagônicos do fascismo”, completou o candidato.

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