O machismo que rodeia a seleção brasileira de futebol feminino

Quanto cada jogadora lutou a mais do que os homens para estar em campo?

Uma Copa do Mundo Feminina é cheia de significados. Simboliza a conquista e a luta por igualdade de gênero. Nesta Copa, a seleção vai usar um uniforme feito e pensado para elas, e também pode ser a última vez que Marta, Formiga e Cristiane estejam juntas em campo.

Além disso, é a primeira vez que grandes emissoras vão transmitir os jogos com mulheres comentando. Muitas vitórias, muita conquista de espaço, entretanto, o machismo perpetua dentro desse cenário.

“Deveriam estar peladas”, diziam alguns dos comentários que surgiram na internet se referindo ao álbum de figurinhas da Copa do Mundo Feminina. A jogadora Marta já fez mais gols pela Seleção Brasileira do que Pelé, mas mesmo assim, com toda a competência de craque, assim como as outras jogadoras, continua a receber os comentários sexistas.

Mesmo com a conquista de direito e espaço, mesmo com o protagonismo dentro do esporte se tornando cada vez maior, mulheres atletas ainda são alvo de preconceito, pois tentam desqualificar toda a garra, esforço e determinação que as levaram para a seleção.

Em março, Marta foi aplaudida na ONU ao discursar sobre igualdade de gênero. A jogadora lembrou das vezes que queria jogar, mas os meninos não aceitavam que ela entrasse no time; das vezes em que treinadores a tiravam do time por ser uma mulher. Questões essas que um jogador jamais vai entender, afinal, acredita-se, erroneamente, que o esporte é feito apenas para o homem.

Quanto cada jogadora lutou a mais do que os homens para estar em campo? E esta é uma luta que, muitas vezes, se dava fora e dentro de casa, na busca de convencer a família que as mulheres também podiam praticar e viver do futebol.

Quantas vezes cada jogadora foi mais cobrada em campo, por ter que provar que era “muito boa de bola”? Sempre foram cobranças maiores do que a dos homens, afinal, eles são bons e ponto final. Para eles, não é questionada a habilidade com a bola.

As mulheres, a cada dia, se tornam mais protagonistas. Elas conquistam espaços, avançam na conquista de seus direitos, mas a cultura machista enraizada em nossa sociedade insiste em não aceitar que o futebol feminino não é uma brincadeira. As mulheres fazem gols, defendem a bola e correm no campo, fazem boas jogadas, mas ainda assim, são diminuídas.

O que acontece no esporte, muitas vezes, é reflexo de questões sociais e políticas. O preconceito e os comentários sexistas com as meninas da seleção brasileira na internet são um reflexo que, apesar das conquistas, a sociedade insiste nas tentativas de diminuir as mulheres. Retiram a grandiosidade de seus esforços para transformá-las apenas em objetos sexuais ou personagens secundárias.

Mas a luta continua, porque mulheres devem, podem e merecem ser protagonistas. O mundo e o futebol também é dela e por elas.

Carta Capital

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