“Questão central para os trabalhadores é o modelo econômico”, afirma Pochmann

Para economista entrevistado pelo programa Contee Conta desta segunda-feira (12), se Reforma Trabalhista não gerou empregos, revogação também não vai

É fato notório que a Reforma Trabalhista, que começou a vigorar em novembro de 2017 nunca cumpriu a falsa promessa de geração de empregos que fez. Até porque, de acordo com o economista Márcio Pochmann, entrevistado do programa Contee Conta desta segunda-feira (12), a mudança na regulação do trabalho, na forma de contratação e de remuneração, não é determinante para esse fim.

“No capitalismo, o emprego é determinado pela atividade econômica”, explicou. Já o objetivo real da reforma, como a análise dele confirma, foi, na verdade, reduzir o custo da mão de obra no Brasil. E, nesse sentido, como ele afirma, ela foi um êxito do ponto de vista do capital.

“Nos governos Lula e Dilma, houve geração de mais de 21 milhões de postos de trabalho”, aponta. “Mas foram gerados, em grande medida, em atividades de baixa produtividade, em pequenos negócios, que não resistem a ter condições de trabalho melhores.”

Legislação inadequada

Márcio Pochmann é ex-presidente da Fundação Perseu Abramo, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e professor da Unicamp (Universidade de Campinas) e da UFABC (Universidade Federal do ABC). Mais do que qualificado, portanto, para a discussão desse Contee Conta, que teve como tema as perspectivas para o mundo do trabalho no governo Lula. O programa foi conduzido pelo coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, e pela presidenta do Sinpro Campinas e Região, Conceição Fornasari, também diretora da Contee e da Fepesp.

“A legislação que temos é cada vez mais inadequada para a forma como o Brasil está presente no mundo”, considera Pochmann. E isso extrapola, na opinião dele, a discussão sobre uma revogação total ou apenas parcial da reforma trabalhista.

“Assim como o rebaixamento das condições de trabalho não gerou empregos, o nível de emprego também não se alteraria com a reversão total [da reforma]. A questão central para os trabalhadores é o modelo econômico”, destaca.

Para ele, essa discussão se volta apenas para “metade dos trabalhadores”. “À outra metade, pouco interessa, porque estão de fora [da legislação trabalhista]”.

De acordo com Pochmann, as entidades sindicais precisam “olhar para os trabalhadores que não têm absolutamente nada e estão sendo contaminados pela ideologia liberal”. Nas palavras dele, os sindicatos deviam tratar de “como incorporar essa massa sobrante, que precisa ter uma representação no mundo do trabalho”.

Confira o programa completo:

Táscia Souza

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