Sinpro Campinas e Região: Carta aos pais — O risco da volta às aulas presenciais

Estamos em 13 de abril de 2021 e em luto pelas 353 mil vidas perdidas e famílias afetadas pela Covid 19. Como educadores e educadoras nos sensibilizamos com a situação de tantos estudantes que se encontram desamparados, mas não há como negar que apesar das dificuldades, o ensino remoto permitiu que a aprendizagem continuasse a ocorrer enquanto o distanciamento social cada vez mais necessário pôde ser preservado.

Algumas iniciativas ligadas a interesses de grupos de elite passam a equivocada impressão de que o retorno presencial às escolas é emergencial, entretanto o que realmente é urgente é o auxílio emergencial e a realização de um lockdown verdadeiro.

A vacina foi criada pela comunidade científica em tempo recorde, mostrando que em situações trágicas como a vivenciada em 2020 a humanidade é capaz de reagir e produzir conhecimento e tecnologia superando desavenças ideológicas e econômicas. Não há, infelizmente, expectativa de vacinação dos estudantes e embora a vacinação dos profissionais da educação tenha se iniciado, uma pequena parcela dos profissionais será beneficiada e somente cerca de duas a três semanas após a segunda dose de fato poderemos falar em imunização desta comunidade.

É importante ressaltar que as pesquisas que indicam que o retorno às escolas é seguro reforçam que para tanto é necessária uma reestruturação nas estruturas das escolas e que as taxas de reprodução do vírus estejam inferiores a 1, apontando desaceleração dos casos, o que definitivamente não é o nosso caso.

A renomada revista científica The Lancet publicou recentemente um artigo assinado por 12 especialistas, incluindo médicos, epidemiologistas, bioestatísticos e psicólogos de renomadas universidades britânicas que afirmam que na ausência de medidas severas de controle das infecções a abertura de escolas pode acelerar a pandemia e estimular a criação de variantes cada vez mais perigosas, tanto em termos de contaminação quanto de riscos ao escape da ação das vacinas e de danos à saúde das crianças e adolescentes.

A maior parte dos internados em UTI no país já é composta por pessoas com menos de 40 anos, mostrando que a visão até então disseminada de que somente os idosos corriam risco estava equivocada. A Educação é nosso lema, mas antes precisamos garantir a vida de todos.

Se os pais se unirem e deixarem seus filhos em casa, as escolas terão de garantir o ensino remoto de qualidade e haverá uma maior pressão sobre a vacinação dos estudantes. É importante que como sociedade nos unamos e passemos por mais este desafio que a História nos impõe.

Do Sinpro Campinas e Região, publicado no site do sindicato na última quarta-feira, 14 de abril

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