Sinpro Pernambuco: Carta aberta em apoio ao Sinteam

Há 40 anos (julho de 1968) o teatro Ruth Escobar em São Paulo abriu suas portas para estrear a peça teatral considerada a mais importante da história do teatro brasileiro: Roda Viva sob autoria de Chico Buarque de Holanda. Nesta mesma noite os atores e público foram surpreendidos pela invasão de um grupo pertencente ao regime ditatorial da época intitulado “Comando de Caça aos Comunistas (CCC)”. Os participantes do elenco foram espancados assim como seus figurinos e cenários destruídos pelos invasores e representantes do Estado de exceção sob a justificativa de defender a sociedade de conteúdos “subversivos” e “degradantes”.

Mesmo após essa dezena de anos estamos novamente, diante de um regime de perseguição com a notícia de um grupo de pessoas reunidas para exercitar o seu direito de livre expressão democrática teve seu ambiente de diálogo invadido por agentes do estado armados com a intenção de intimidar os presentes.

Onde era o teatro agora foi um sindicato. Onde eram atores temos professores. Onde teve violência física viu-se violência psicológica. Mas nos dois casos o causador do dolo foi um só: o Estado.

Assim como o Estado violentou a arte da dramaturgia agora ele ataca a consciência dos trabalhadores quando impõe a crise do capital a eles. Tece essa trama com a ideia do “excesso de direito” em detrimento a “garantia de emprego” e perseguindo sindicatos por meio da força policial.

A invasão de espaços democráticos de organização popular desta vez ocorreu no Sindicato dos Trabalhadores da Educação no Amazonas (Sinteam). Enquanto a categoria de discente debatia a respeito de manifestações populares durante a passagem de Bolsonaro pela capital amazonense três policiais federais de posse de suas fardas e armamentos estiveram, sem ser convidados, dentro da reunião e usaram da sua presença para intimidar. O algoz é o próprio Estado que autoriza seus representantes a exercerem essa censura. Porém é do Estado também que surge a solução.

Não podemos deixar que o fascismo miliciano tome conta do poder do Estado que é popular e a ele deve servir. A função de mediação e a garantia da livre expressão são alicerces da Constituição Cidadã de 1988 que refundou a democracia e extinguiu o Governo Militar. Hoje temos um Presidente que desrespeita a quem ele deveria representar, mesmo que não tenha votado nele.

Discrimina por região do pais quando profere alcunhas desrespeitosas. Deprecia a toda sociedade ao perseguir profissionais de educação ao mesmo tempo que sucateia o financiamento em nome do combate a “balburdia”. Só podemos ver semelhança ao sombrio passado do CCC com as atividades agora exercidas. Se por parte dos perseguidores há a esperança de que os movimentos populares vão se acanhar, nos do Sinpro Pernambuco informamos que estão tentando apagar o fogo com gasolina.

Todo apoio ao Sinteam e aos profissionais da educação do Estado do Amazonas.

Desta feita, o Sinpro Pernambuco, entidade que a 74 anos vem defendendo a classe trabalhadora, a educação e a democracia, torna público o seu repúdio a qualquer ato de opressão e se manifesta toda solidariedade aos colegas amazonenses.

FIRMES NA LUTA!

Do Sinpro Pernambuco

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