Sinpro/RS: Estudo incorpora fundações estaduais extintas à Uergs

As fundações estaduais de Ciência e Tecnologia (Cientec), Zoobotânica (FZB), Economia e Estatística (FEE) e Cultural Piratini (TVE e FM Cultura), todas extintas no governo de José Ivo Sartori (MDB), passariam a integrar a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), potencializando e tornando a instituição referência em educação e pesquisa. O estudo, realizado pelo Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge), detalha as competências de cada uma das fundações e sugere a criação de institutos de tecnologia com o foco em eixos como economia, estatística, planejamento e meio ambiente. O Senge encaminhou convite, na semana passada, ao governador Eduardo Leite (PSDB) para um café da manhã na sede da entidade, para apresentar a proposta.

O estudo propõe a transferência da reitoria da Universidade Estadual (Uergs) e da sua unidade de ensino em Porto Alegre para os prédios da Cientec, no Centro, que possui área de cerca de 3,5 hectares. “Além de potencializar a Uergs, que também é uma fundação, a transferência geraria uma economia da ordem de R$ 3 milhões”, garante o engenheiro civil João Leal Vivian, diretor do Senge. Os funcionários das fundações, que continuam a serviço do Estado, seriam incorporados ao quadro técnico da Universidade, conforme a demanda nos laboratórios, no corpo docente e na administração.

Segundo o Senge, a Cientec possui laboratórios, cujo patrimônio é avaliado em R$ 15 milhões. O engenheiro Leandro Taborda cita o Laboratório de Águas, como exemplo, que pode ser aproveitado em cursos de graduação e pós-graduação. “Também, os laboratórios de Análises Orgânica e Inorgânica podem ser usados nas aulas práticas do curso de Engenharia de Energia, de Bioprocessos, e o Laboratório de Alimentos poderá testar a merenda escolar”, exemplifica.

Uergs está pronta para crescer, diz reitor

O reitor da Uergs, Leonardo Beroldt, sugeriu alguns ajustes e aprovou a proposta. Beroldt explica que a criação de centros de excelência está prevista na legislação da Universidade com atuação na formação, na extensão universitária, na pesquisa e na inovação. “Em Porto Alegre, por exemplo, temos três cursos de engenharias – de Energia, de Bioprocesso e Biotecnologia e de Controle e Automação – que funcionam na Agronomia, na área alugada da CEEE. Hoje, eles seriam perfeitamente atendidos só pela estrutura de laboratórios da Cientec.

O reitor vê com entusiasmo a possibilidade de incorporar o patrimônio do Museu de Ciências Naturais e do Jardim Botânico, vinculados hoje à Fundação Zoobotânica. “Tornaria a Universidade uma das poucas instituições no Brasil com um acervo tão rico da biodiversidade rio-grandense. Além disso, temos um mestrado de Ambiente e Sustentabilidade, em São Francisco de Paula, e um mestrado acadêmico, Sistemática e Conservação da Diversidade Biológica, aprovado pela Capes no ano passado, em parceria com a Fundação Zoobotânica. O corpo docente envolve 13 pesquisadores da FZB e quatro da Uergs”, completa.

Sobre a proposta de transferência da reitoria para a Cientec, o reitor garante que as estruturas físicas da fundação comportam todo o setor administrativo e a unidade de ensino da Capital. “Representaria uma enorme economia à Universidade e, consequentemente, ao Estado, porque só o prédio da reitoria custa R$ 650 mil ao ano, e a unidade de ensino, na avenida Bento Gonçalves, custa em torno de R$ 2,2 milhões, pagos à CEEE”, afirma.

Criada através do Decreto nº 11.646, de 10 de julho de 2001, pelo então governador Olívio Dutra (PT), a Uergs inicia 2019 com 4.787 alunos em 19 cursos de graduação, três de pós-graduação e cinco de especialização. Os funcionários efetivos somam 459, sendo 270 professores, grande parte com título de doutor.

A instituição de ensino é vinculada à Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do estado. Possui 23 unidades de ensino no Interior, uma unidade no bairro Agronomia e o prédio da reitoria, na Capital. São nove imóveis alugados, cinco próprios, já doados à Universidade, e dez em tramitação para doação.

ECONOMIA E ESTATÍSTICA – Uma comissão de servidores da extinta FEE avalia positivamente a proposta, mas ainda tem dúvidas de viabilidade técnica de uma eventual transferência dos trabalhos prestados pela Fundação para um Instituto de Gestão Pública ou de Economia e Estatística vinculado à Universidade. O economista Tomás Fiori aponta aspectos positivos como o edital aberto pela Uergs para realização de especialização em Gestão Púbica, mas ressalva que alguns trabalhos realizados sob a coordenação do IBGE não possam ser firmados com uma Universidade.

JORNALISMO E ENSINO – A jornalista Lírian Sifuentes, editora da TVE desde 2014, afirma que vincular a TVE e a FM Cultura à Uergs traria muitas vantagens, entre elas, manter as emissoras como o maior espaço de difusão da cultura, ciência e conhecimento produzidos no estado, entre as emissoras gaúchas. “A Uergs poderia aumentar as vagas através do ensino à distância – EAD, cujos cursos poderão utilizar a estrutura técnica e o quadro de funcionários da TVE para a criação de uma universidade virtual, seguindo o modelo da Univesp TV, que ocupa um dos canais da TV Cultura digital”, destaca.

Do jornal Extra Classe, do Sinpro/RS

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