Trabalho precário cresce com mais brasileiros vivendo de “bico” e sem carteira

Renda desabou 8,8% em um ano e mais de 40% dos que trabalham estão na informalidade no trimestre encerrado em fevereiro, segundo IBGE

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,2% no trimestre móvel de dezembro a fevereiro, com a falta de trabalho atingindo 12 milhões de brasileiros. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira (31) pelo IBGE.

Em uma economia estagnada – cujo as expectativas do mercado apontam para um crescimento nulo, ou negativo este ano – puxada pela alta dos juros, inflação e queda dos investimentos -, a maioria dos brasileiros que conseguem retornar aos postos de trabalho ocupam atividades de baixa qualidade, sem carteira assinada, vivem de “bicos”, com salários menores do que recebiam quando ocupavam a mesma função no emprego anterior.

De acordo com o IBGE, a taxa de informalidade, que inclui os populares bicos, ficou em 40,2%, chegando a 38,3 milhões de trabalhadores informais, no trimestre móvel de dezembro a fevereiro. No mesmo trimestre do ano anterior, a taxa foi de 39,1%.

São mais 2 milhões de pessoas trabalhando por conta própria, um aumento de 8,6% em relação ao mesmo período do ano passado, um total de 25,4 milhões de brasileiros se virando para enfrentar a carestia de Bolsonaro com a disparada nos preços dos combustíveis, dos alimentos, da energia elétrica, do gás de cozinha, no aluguel e no preço dos remédios.

De acordo com o IBGE, somando desempregados (12 milhões), subocupados por insuficiência de horas – os que trabalham menos horas do que precisam (6,6 milhões), as pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar por diversos motivos apontado no momento da pesquisa (3,8 milhões), ou as que desistiram de procuram emprego, estão no desalento (4,7 milhões), são cerca de 27,3 milhões de pessoas “subutilizadas” no trimestre de dezembro a fevereiro de 2022.

O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (12,3 milhões de pessoas) apresentou estabilidade em relação ao trimestre anterior e teve alta 18,5% (1,9 milhão de pessoas) no ano.

O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado apresentou uma variação de 1,1% (371 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 9,4% (mais 3 milhões de pessoas) na comparação anual, totalizando 34,6 milhões de pessoas num cenário estimado em aproximadamente 95,2 milhões de trabalhadores no país.

RENDA MÉDIA DESABA 8,8%

O rendimento médio real habitual recebido de todos os trabalhos, por mês, pelos trabalhadores continua em queda, um recuo de 8,8% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado quando estava em R$ 2.752. Caiu para R$ 2.511. O menor valor já registrado para o mesmo período analisado desde o início da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

massa de rendimento real habitual (R$ 234,1 bilhões) – a soma dos rendimentos brutos habitualmente recebidos de todas as pessoas ocupadas em todos os trabalhos – ficou “estável” em ambas as comparações, segundo o IBGE. O que só confirma o arrocho que os brasileiros estão passando, sem reajuste salarial, aceitando salários mais baixos ou fazendo “bico” para completar o orçamento das famílias. No início da pandemia, a massa de rendimento real estava em R$ 254 bilhões, uma queda de R$ 20 bilhões no desgoverno Bolsonaro.

Com os juros nas alturas, o desemprego na casa dos dois dígitos, e a inflação em escalada, a economia brasileira que iniciou o ano com queda na produção industrial (-2,4%), no comércio varejista ampliado (-0,3%) e no setor de serviços (-0,1%) caminha para mais um ano de economia estagnada.

Segundo o Boletim Focus do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira (28), na mediana das projeções, o “mercado” financeiro apontou um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 de 0,5% – ou seja, metade dos consultados acreditam que esse resultado vai ser muito pior do que isto – recessão.

Mesmo com essa tragédia anunciada, os economistas das instituições financeiras projetam que o Banco Central irá elevar a taxa básica de juros (Selic) a 12,25% a.a até o fim de 2022.

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