Transição nomeia GT de inteligência

Último grupo a ser formalizado pelo gabinete conta com servidores da Abin e chefe de segurança de Lula na eleição

Foi designado na última quinta-feira (1) o último grupo de trabalho do gabinete de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva: o de Inteligência Estratégica, cuja atribuição é tratar de temas relacionados à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Ao contrário dos demais anúncios de novos integrantes da transição, que tem sido feitos pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) em entrevistas coletivas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, a nomeação dos quatro membros do GT foi formalizada apenas no Diário Oficial da União (DOU)

Fazem parte do grupo o chefe da segurança de Lula durante a campanha eleitoral, o delegado da Polícia Federal Andrei Passos; o agente da PF Vladimir de Paula Brito, que atua na área de inteligência e mantém vínculos com a Fundação Perseu Abramo, do PT; e quatro agentes da Abin identificados apenas pelo número de suas matrículas, como é de praxe no DOU.

No último dia 17, o coordenador dos grupos técnicos da transição, Aloizio Mercadante, já havia sinalizado que o núcleo de inteligência seria montado com discrição, durante uma coletiva de imprensa.

“É até bom que o GT de Inteligência, que vai tratar da Abin e do GSI, seja mesmo mais discreto”, declarou Mercadante na ocasião.

A atribuição do grupo envolve temas sensíveis para qualquer governo, mas ganha conotações ainda mais delicadas na transição entre os governos Jair Bolsonaro e Lula.

O GSI, hoje comandado pelo general da reserva Augusto Heleno, e a Abin, que esteve sob o comando do deputado federal eleito Alexandre Ramagem (PL-RJ) durante a era Bolsonaro, esteve no centro de acusações de uso político dos instrumentos de inteligência para favorecer Bolsonaro.

O órgão chefiado por Heleno protagonizou um episódio inusitado no início da transição. A equipe de Lula e Alckmin se deparou com cerca de 40 funcionários do GSI já trabalhando no Centro Cultural do Banco do Brasil, organizando, inclusive, uma estrutura de computadores, como revelou a Globo News.

Temendo qualquer tentativa de arapongagem, o gabinete de transição rejeitou os aparelhos e dispensou os funcionários do GSI. Em entrevista à revista Veja, o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), cotado para o Ministério da Justiça, acusou Heleno de tentar “ocupar” a transição de Lula.

Em relação ao organograma original, o GT de Inteligência Estratégica foi o último a ser preenchido, quase um mês após as primeiras nomeações da transição. Outro grupo que ainda carecia de definições, o da Defesa, foi deixado de lado por Lula diante da resistência das Forças Armadas ao presidente eleito.

Do jornal O Globo

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