Depois de 30 anos, professor é demitido sem justa causa pela PUCCAMP

Depois de 30 anos de dedicação à Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), o professor de Direito e renomado jurista Jose Henrique Rodrigues Torres foi demitido, sem explicação. Fala-se em motivação ideológica, devido aos seus posicionamentos democráticos e humanistas, com intervenções e artigos favoráveis à descriminalização do uso de drogas e à legalização do aborto.

Segundo a coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee, Maria Clotilde Lemos Petta, “a PUCCAMP perde um profissional brilhante, competente, defensor das boas causas e um professor dedicado, referência para a nossa categoria. Sua demissão empobrece a PUCCAMP e a instituicao deve um esclarecimento sobre as razões da demissão. Seu caso exemplifica uma situação que deve estar sendo muito comum em todo o Brasil: a instituição demite sem esclarecer as razões”.

Dr. Torres é membro da Associação Juízes para a Deemocracia. Possui graduação em Bacharelado em Direito pela Faculdade de Direito de Bauru(1980), especialização em Direito das Relações Sociais pela Faculdade de Direito de Bauru(1984), especialização em Direito Processual Penal pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo(1982) e ensino-medio-segundo-grau pelo Instituto Estadual de Educação Dr Cardoso de Almeida(1976). É juiz de Direito da Escola Paulista de Magistratura, Professor do Curso Ductor, Assistente Jurídico do Legião Brasileira de Assistência, Assessor do Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia – SP e Membro do Grupo de Estudos sobre Direitos Sex da Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia – SP.

Ele escreveu a carta abaixo, comunicando o fato às pessoas queridas:

“Querid@s

Ontem, recebi a comunicação de minha “demissão” da PUCCAMP a pedido da Direção da Faculdade de Direito.

Lamento, profundamente, pois, nesses últimos trinta anos de lealdade à PUC e dedicação à ensinagem, as veredas da minha vida confundiram-se com os caminhos que me levavam pelos corredores da Faculdade de Direito ao encontro dos meus amados alunos e alunas, sempre sob “a mágica presença das estrelas”, como diria Quintana.

Sempre acreditei em uma educação libertadora, capaz de transformar o mundo em um mundo mais justo e mais humano.

E isso, para mim, foi sempre libertador e transformador!

Agora, resta-me continuar a minha caminhada, em busca do horizonte, levando no coração todos vocês, querid@s e inesquecíveis amig@s!

Um longo e afetuoso abraço.

E, como aprendi com Drumond,

“Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros.

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles, considero a enorme realidade.

O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas!

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história!

Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela.

Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.

Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria,

o tempo presente, os homens presentes

A vida presente”

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4 Comentários

  1. E desde quando uma instituição privada, ainda que sem fins lucrativos, precisa justificar uma demissão?

  2. Uma instituição de ensino que se preze precisa, sob pena de não se ter a necessária dialética para o progresso da ciência e do conhecimento, de professores com esses ideais progressistas em meio à tradição conservadora.
    Uma pena essa faculdade aderir a um preceito retrógrado de manutenção daqueles que só compactuam com seu modo conservador de ser… ainda mais em tempos de Bergolio (eles devem fazer parte daqueles que estão horrorizados com os discursos do novo papa, e aderindo ao neoprotestantismo em voga).
    Perda irreparável para a formação acadêmica. Passará a produzir meros tijolos para formar uma parede cinza, massificada e inexpressiva.

  3. Eu gostaria muito de ter estudado na Puccamp para ter tido aulas com este brilhante professor!!!!

  4. Acredito que uma Pontifiícia Universidade Católica, não possa ter em seus quadros quem defenda a legalização do aborto e o uso de drogas. Acredito que se o professor era a favor desse tipo de DIREITO, de fato nunca teve aulas de medicina legal, como o tão querido Professor André Amar, que sempre foi exato em sua aulas, no sentido de ser favorável a educação sexual e a prevenção de uma gravidez indesejada, e que fique claro que já existe o aborto permitido em caso de gravidez advinda de estupro ou abuso sexual. Além disso , me lembro das aulas sobre os países que liberaram o uso de drogas, que infelizmente, produziram uma geração de pessoas doentes e dependentes de planos estatais, inúteis para uma sociedade saudável e produtiva. Acredito que quem defende o aborto nunca tenha visto como uma cureta é usada para esfacelar o feto vivo! Isso nós tivemos contato pelas aulas de medicina legal, dadas pelo nobre professor André, na faculdade de Direito (década de 90). A vida e a saúde plena devem ser direitos humanos que devemos defender e não direitos que são contrários a estes. E sendo uma universidade católica nada mais natural que não ter em seus quadros quem defenda tais temas.

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