Ministro Vélez é um acinte à Educação, acusa Gilson
“Nunca o Ministério da Educação foi comandado por uma pessoa tão despreparada como o indicado de Bolsonaro, Ricardo Vélez Rodrigues. O ministério já foi liderado por pensadores e pedagogos, como Darci Ribeiro e Renato Janine Ribeiro. Agora temos um ministro desqualificado, um acinte à educação”, considera o coordenador-geral da Contee, Gilson Reis.
A audiência pública do ministro na Câmara Federal, com mais de 5 horas de duração, na quarta-feira, 27, foi considerada um desastre até por integrantes do governo e de sua base de apoio. O ministro mostrou completo desconhecimento de programas de sua pasta, mesmo com seus assessores passando “cola” para suas respostas aos questionamentos dos parlamentares. “Após três meses à frente do MEC, o ministro não tem projeto para o ensino, a não ser o seu desmanche, como vimos na audiência na Câmara”, apontou Gilson.
Integrantes do governo chegaram a anunciar a demissão de Vélez para uma jornalista, mas depois Bolsonaro voltou atrás. Antes, ele havia admitido que as coisas “não estão dando certo” no MEC. “Temos que resolver a questão da educação. Realmente não estão dando certo as coisas lá, é um ministério muito importante. Na minha volta da viagem de Israel eu vou conversar com o Vélez”.
A desordem no ministério emperrou o cronograma traçado por técnicos da pasta há três semanas. No dia 26, o ministro deveria ter lançado o Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular e anunciado a nova fase do programa Mais Educação, mas não o fez.
“O cargo é um abacaxi do tamanho de um bonde”, confessou o ministro para deputados que chegaram a pedir sua renúncia, mas disse que só sairá quando Bolsonaro demiti-lo. Depois de 15 exonerações, medidas polêmicas e seis recuos, o Ministério da Educação (MEC) continua à deriva. Dentre as polêmicas, o pedido para que as escolas filmassem os alunos cantando o hino e bradando o bordão de campanha eleitoral de Bolsonaro e a decisão de adiar a avaliação da alfabetização.
“Não temos mais interlocutor no MEC, não tem com quem se possa conversar sobre os anseios dos secretários, das escolas do País”, lamentou a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) Cecília Motta, que é secretária de Mato Grosso do Sul. “Precisamos de uma política de Estado, não de governo”, enfatizou.
“Tudo isso cria uma situação de muita instabilidade e insegurança na gestão educacional, todo mundo fica na expectativa de qual o próximo fato que vai acontecer”, afirma a ex-secretária de Educação do Rio Grande do Sul, Mariza Abreu. “É uma pena o que estamos vendo, para as gerações que estão na escola e para as que vão entrar.”
Mais um general na administração
Os militares no primeiro escalão do governo indicaram o general Francisco Mamede de Brito Filho, que nunca trabalhou com educação, para substituir Marcus Vinícius Rodrigues no Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), que responde pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Brito Filho foi chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Nordeste.
Carlos Pompe