Seminário de Etnia, Educação e Formação tem início no Rio de Janeiro

“Etnia, Educação e Formação – Políticas Afirmativas e a Democratização da Cultura” é o tema do seminário que a CONTEE realiza no Rio de Janeiro/RJ, nos dias 8 e 9 de novembro, com a organização da Secretaria de Questões de Gênero e Etnia, na pessoa da secretária Rita Fraga de Almeida Zambon e da Secretaria de Formação com o diretor Wanderlei Julio Quedo.

Na mesa de abertura, além dos responsáveis pela Secretaria, o evento contou com participação da Coordenadora Geral da CONTEE, Madalena Guasco Peixoto, que destacou a importância desses espaços de debates e aprofundamento de temas tão importantes para a categoria, por fazerem parte da realidade diária de trabalho.

Mesmo com as grandes transformações sociais que temos vivenciado nessa área, a história recente evidencia a necessidade de manter vivo o debate e buscar estudos que municiem os trabalhadores em educação de forma que possam contribuir efetivamente para o enfrentamento ao racismo e à promoção da igualdade racial.

Atenta a esse fato, a CONTEE reuniu palestrantes que atuam nas instâncias diretamente envolvidas no processo de superação das desigualdades passando pelo viés étnico. A primeira mesa do seminário contou com a exposição do assessor especial do SEPPIR (Secretaria De Políticas de Promoção da Igualdade Racial, professor Edson Lopes Cardoso, que trouxe a plenária uma análise sobre as ações afirmativas que a Secretaria tem capitaneado em favor de um sistema mais igualitário de acesso aos equipamentos públicos de ensino, tratando pontualmente da Lei 12.711 que dispõe sobre as cotas para alunos pretos, pardos e indígenas oriundos de famílias de baixa renda.

Em tom de crítica e desafio, levou a plenária a refletir sobre a influência direta das origens históricas sobre a conjuntura que vivemos, e fazendo referência a um discurso proferido por Nelson Mandela em 1997, afirmou: “…sexismo e racismo formam o que somos como sociedade desigual, nossa sociedade foi estruturada assim, e não nos damos conta desse fato”. Fez ainda uma crítica severa ao setor conservador que não avança nos debates sobre a nossa diversidade e potencialidades: “Diversidade não é sinônimo de justiça. Qual a resposta política que vamos dar às futuras gerações?”, provocou.

O segundo painel da programação trouxe as contribuições de Rodrigo Nascimento dos Santos da Fundação Palmares e da professora Azoilda Loretto da Trindade, Doutora em Comunicação e Cultura pela ECO/UFRJ.

Em sua fala Rodrigo chamou atenção para como o reconhecimento do “ser negro” esteve refletido no último senso do IBGE, e atribuiu aos movimentos sociais organizados algumas das ações que o governo federal tem tomado contra a discriminação. Reforçou a importância de se trabalhar sistematicamente pela criação de novas políticas públicas e conclamou a um aprofundamento nas discussões para a transformação do modelo de Universidade.

A professora, utilizando uma abordagem lúdica, defendeu a importância de o movimento sindical adotar políticas afirmativas em prol dos grupos excluídos e inviabilizados. Lembrou que o processo de democratização inclui conflitos e contradições próprios da mudança de pensamento. Finalmente, compartilhou com o grupo sua visão sobre a necessidade de uma postura sábia para vencer o desafio de criar oportunidades para todos e todas: “Queremos gastar nossa energia vital, simplesmente para viver”, concluiu.

A programação do dia foi encerrada com a apresentação do Grupo Cultural AfroReggae, que é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares.

Jordana Mercado, do Rio de Janeiro/RJ, com informações da redação.

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