Desigualdade salarial entre mulheres e homens ainda é alta no Brasil, revela relatório do governo

Mulheres ganham em média 21% menos que os homens nas maiores empresas do país. O percentual vai para 50% quando a análise se volta para as mulheres negras

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O 2º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, reforça que a desigualdade salarial entre homens e mulheres persiste no Brasil. O estudo revelou que as mulheres ganham, em média, 21% menos que os homens nas maiores empresas do país, uma diferença que aumenta para 50% quando a análise se volta para mulheres negras. Esses dados, que abrangem 50.692 empresas com mais de 100 funcionários, expõem um problema estrutural no mercado de trabalho brasileiro.

De acordo com o levantamento, os homens recebem uma média de R$ 4.495,39 mensais, enquanto as mulheres ganham R$ 3.565,48. Já as mulheres negras têm uma média salarial de apenas R$ 2.745,26, praticamente metade do que recebem homens não negros, cujo salário médio é de R$ 5.464,29.

Além da diferença salarial, o relatório apontou a escassez de políticas corporativas voltadas à inclusão de mulheres negras. Apenas 28% das empresas possuem iniciativas para incentivá-las, e em 43% das empresas, menos de 10% dos funcionários são mulheres pretas ou pardas. A contratação de mulheres indígenas é ainda mais negligenciada, com somente 8% das empresas apresentando políticas específicas para esse grupo.

A divulgação do relatório coincidiu com o lançamento do Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens pelo governo federal. A iniciativa faz parte de um esforço contínuo para combater a disparidade salarial e promover condições de trabalho mais justas para as mulheres, especialmente negras e indígenas. O plano conta com a mobilização de R$ 17 bilhões e envolve 11 ministérios, com ações voltadas para o acesso, a permanência e a ascensão das mulheres no mercado de trabalho.

Durante o lançamento do plano, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que a proposta é uma resposta direta à desigualdade, com o objetivo de eliminar essa disparidade. Segundo ela, o Brasil já tem uma legislação robusta, como a Lei 14.611/23, que trata da transparência salarial e da igualdade de gênero, mas o desafio agora é garantir a implementação efetiva dessas medidas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou a questão em um discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), no último domingo (22), ressaltando a necessidade de uma ação conjunta global para enfrentar as desigualdades de gênero e raça. Segundo Lula, é imperativo que lideranças de diferentes países trabalhem para implementar políticas inclusivas, a fim de reduzir essas disparidades. Ele afirmou: “Temos duas grandes responsabilidades perante aqueles que nos sucederão. A primeira é nunca retroceder. Não podemos recuar na promoção da igualdade de gênero, nem na luta contra o racismo e todas as formas de discriminação.”

Lula também destacou os esforços de seu governo no combate ao racismo estrutural, mencionando o Plano Juventude Negra Viva como exemplo de uma política voltada para a proteção da juventude negra brasileira, vulnerável à violência letal. Esse plano, que envolve 18 ministérios, foi desenvolvido com o propósito de promover ações transversais para combater a violência sistêmica contra a população negra.

A fala de Lula reforça o compromisso de seu governo em enfrentar as desigualdades sociais e econômicas que afetam mulheres e negros no Brasil, em consonância com as iniciativas internas, como o plano de igualdade salarial, e com a necessidade de mobilização global focada na promoção de políticas inclusivas.

Por Vitoria Carvalho, sob supervisão de Romênia Mariani

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