Marcelo da Silva assume Secretaria Geral: “Chegar na Contee é como ser convocado para a seleção brasileira”
Eleito durante o XI Conatee, realizado em julho deste ano, o sindicalista e advogado Marcelo da Silva é o novo coordenador da Secretaria-Geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee).
Marcelo assume um cargo estratégico dentro da entidade, responsável por coordenar a administração, articular políticas internas e externas e garantir a integração entre as diversas secretarias e entidades de base.
Sua trajetória no sindicalismo começou em 2000, como professor de Educação Física e participante da Copa Sinpro, organizada pelo Sindicato dos Professores do Pará (Sinpro Pará). O interesse pelo movimento sindical logo se transformou em compromisso.
O Sinpro Pará tornou-se a sua segunda casa. Ao longo dos anos, Marcelo passou de suplente de diretoria a secretário de Política Sindical, depois a secretário de Assuntos Jurídicos, e atualmente exerce seu segundo mandato como coordenador-geral do Sinpro Pará. Além disso, atua como presidente da FETRAEEP, federação que reúne trabalhadores da educação dos estados do Rio de Janeiro, Pará, Amapá, Brasília, Rondônia, Tocantins e Goiás.
Uma trajetória que começou no esporte
Ao relembrar sua história no sindicalismo, Marcelo destacou que sua aproximação com o Sinpro-Pará começou a partir de uma atividade esportiva. “Minha origem no sindicalismo vem da Copa Sinpro, tradicionalmente promovida pelo sindicato. Eu era professor de Educação Física na escola em que trabalhava, e surgiu o interesse de participarmos da competição. Foi nesse momento, por volta do ano 2000, que me aproximei do Sinpro e fiz minha sindicalização”, contou.
A partir daí, sua militância foi se intensificando. “Em pouco tempo, o já falecido companheiro Sodré me convidou para integrar a diretoria, inicialmente como suplente. Depois, assumi a Secretaria de Política Sindical, passei pela Secretaria de Assuntos Jurídicos e atualmente estou no segundo mandato como coordenador-geral do Sinpro Pará”, pontuou.
Marcelo também assumiu responsabilidades em âmbito mais amplo, sendo eleito presidente da FETRAEEP, a federação que agrega trabalhadores da educação dos estados do Rio de Janeiro, Pará, Amapá, Brasília, Rondônia, Tocantins e Goiás. “E hoje, com muita responsabilidade, assumo esse novo desafio de coordenar a Secretaria-Geral da Contee”, afirmou.
Chegar na secretaria-geral da Contee é como chegar na seleção brasileira
Apesar da experiência sindical, Marcelo reconheceu que assumir a coordenação da Secretaria-Geral da Contee não estava nos planos. “Eu confesso nunca ter desejado chegar a um cargo dentro da Confederação, até o início do congresso e os diálogos ali desenvolvidos”, revelou.
Para explicar a importância do novo posto, recorreu a uma analogia marcante: “Chegar hoje à Contee é como um atleta que, por muito tempo, jogou no seu time de base e, de repente, foi convocado para a seleção brasileira. Eu penso que a Contee pode ser comparada à CBF em razão da sua importância dentro do movimento sindical, representando mais de um milhão de trabalhadores.”
Ele reforçou que o sentimento que move a nova diretoria é o de união e fortalecimento da categoria. “Essa nova diretoria vem com o sentimento de agregar, de unir forças, independentemente da concepção político-partidária. Nosso propósito é fomentar o trabalhador, defender o trabalho digno e reforçar o respeito pelos professores e auxiliares técnicos das escolas da rede privada, que são a base que a Contee representa.”
O papel estratégico da Secretaria-Geral
A Secretaria-Geral, coordenada por Marcelo, é responsável por organizar e articular a vida institucional e burocrática da Confederação, garantindo o funcionamento pleno das atividades e o apoio às demais secretarias.
Marcelo explicou que a nova diretoria executiva, composta por 13 membros, já realizou sua primeira reunião de gestão. “Avaliamos que foi um encontro produtivo e positivo, no qual ficou muito evidenciada a unidade entre os diretores”, destacou.
Segundo ele, a função é complexa e desafiadora: “A Secretaria-Geral precisa articular e apoiar as outras 12 secretarias da Contee. É um desafio grande coordenar esse trabalho, mas estaremos empenhados para que tudo funcione em prol do trabalhador”, afirmou.
Além disso, a articulação com entidades de base e instituições parceiras já está em andamento. “já tivemos reunião com o presidente do TST, o ministro Aloysio Corrêa da Veiga, e com o ministro do trabalho, Luiz Marinho, na qual apresentamos nossas pautas e necessidades”, contou o dirigente.
Conjuntura política e desafios do sindicalismo
Ao avaliar o cenário político atual, Marcelo destacou os obstáculos impostos pela correlação de forças no Congresso e pelo avanço da extrema direita. “É um grande desafio para a Contee e para nós que estamos à frente da entidade neste momento. O cenário político realmente não é dos mais favoráveis, em razão dessa extrema direita que tem colocado em pauta medidas que menosprezam a categoria e os trabalhadores de forma geral. Para nós, o desafio será nos unir cada vez mais, barrar os retrocessos e impedir que a extrema direita avance. Nesse processo, também é preciso pensar na candidatura do presidente Lula e no fortalecimento das forças progressistas.”
O coordenador fez ainda um comentário contundente para ilustrar a gravidade do momento: “Hoje nós consideramos que o Brasil, de certa forma, está vivendo um apartheid, uma separação extrema entre a direita radical e a esquerda. Isso impõe um grande desafio para nós: superar essa divisão e mostrar que a extrema direita que aí está vem com uma pauta que coloca o Estado brasileiro como refém. É exatamente isso que precisamos combater. Para enfrentar esse mal que está posto, será necessário unir todas as forças e ampliar a mobilização do movimento sindical e popular.”
Unidade e mobilização da base
Marcelo ressaltou que a palavra-chave para enfrentar os desafios da conjuntura é unidade. “Não tem muito o que falar além disso: precisamos de unidade. Neste instante, é fundamental que haja união. Precisamos chamar a nossa base, mostrar o novo momento que essa diretoria executiva propõe e buscar estar próximos, articulando cada sindicato e cada categoria. É hora de fazer uma reflexão coletiva sobre a necessidade de fortalecer o movimento sindical e de defender o projeto que represente, de fato, os trabalhadores”, enfatizou.
Para ele, a mobilização da base é a condição essencial para que a Contee continue sendo um instrumento de resistência, luta e conquista de direitos. “O desafio é grande, mas a confiança na força coletiva dos trabalhadores é maior”, concluiu.
Por Romênia Mariani





