Valor da cesta básica cai em 15 capitais, mas não alivia o bolso do trabalhador; Contee defende valorização do salário mínimo

Estudo do Dieese e da Conab revela que o salário mínimo necessário para garantir uma vida digna é de R$ 7,2 mil, quase cinco vezes o valor atual de R$ 1.518

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgaram nesta quarta-feira (20) os resultados de julho da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA). O levantamento mostra que, em 15 das 27 capitais brasileiras, o valor da cesta apresentou queda.

Ainda assim, os preços continuam pesando no bolso dos trabalhadores. São Paulo registrou a cesta mais cara, a R$ 865,90, seguida de Florianópolis (R$ 844,89) e Porto Alegre (R$ 830,41). Já os menores valores foram apurados em Aracaju (R$ 568,52), Maceió (R$ 621,74) e Salvador (R$ 635,08).

 Salário mínimo: um abismo entre o real e o necessário

 Com base na cesta de São Paulo, o DIEESE estima mensalmente o salário mínimo necessário, conforme previsto pela Constituição: um valor capaz de assegurar a uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) condições dignas de alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

Em julho de 2025, o cálculo apontou que o salário mínimo deveria ser de R$ 7.274,43 — ou seja, 4,79 vezes o mínimo em vigor, de R$ 1.518,00.

Esse dado evidencia o abismo entre o que a lei determina e a realidade vivida pelos trabalhadores e trabalhadoras, sinalizando a dificuldade concreta de milhões de famílias brasileiras em garantir dignidade e bem-estar.

Contee: a valorização do salário é sinônimo de dignidade humana

Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), os resultados reforçam a urgência da valorização real do salário mínimo. Sem remuneração que assegure poder de compra e estabilidade às famílias, o trabalho perde sua função essencial de garantir tranquilidade, cidadania e futuro.

“A Constituição é clara: o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as necessidades básicas de uma família. Quando o trabalhador não consegue, com sua renda, alimentar os filhos, pagar aluguel, estudar e ter momentos de lazer, não estamos diante apenas de uma questão econômica, mas de uma violação à dignidade humana. Esse cenário é incompatível com o bem-estar social e com a democracia”, afirma a entidade.

A Contee complementa, ressaltando que a valorização do salário mínimo é essencial para reduzir as desigualdades e construir um país mais justo. “Não há educação de qualidade, saúde plena ou segurança alimentar onde há fome, endividamento e privações”, conclui.

Avanço na pesquisa

Em 2024, o DIEESE e a Conab firmaram parceria para ampliar o acompanhamento dos preços da cesta básica, em apoio à Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e à Política Nacional de Abastecimento Alimentar.

Graças à cooperação, a pesquisa passou de 17 para 27 capitais brasileiras. A coleta de preços nas dez novas cidades começou em abril deste ano, e os primeiros resultados já estão disponíveis, correspondendo ao mês de julho.

Confira mais detalhes da pesquisa realizada pelo DIEESE e Conab!

Por Romênia Mariani

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