15 de outubro: pela educação, pela paz, pelo fim do genocídio

Em um mundo marcado por guerras e injustiças, a educação é a bússola da humanidade, conduzida pelas mãos de educadoras e educadores. Neste 15 de outubro, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) celebra os profissionais da educação e propõe que esta data simbólica seja também um dia de mobilização e solidariedade internacional, em defesa do fim do genocídio na Palestina e da construção de um mundo sem violência.

Dois anos de guerra: a destruição da vida e da educação em Gaza

Em 7 de outubro de 2023, o ataque do Hamas a Israel deu início a uma nova e devastadora guerra na Faixa de Gaza, o episódio mais sangrento dos 75 anos de história do Estado israelense. Segundo dados das autoridades de saúde de Gaza, mais de 67 mil palestinos foram mortos e 170 mil ficaram feridos em dois anos de ofensiva israelense.

Mas é na vida cotidiana, e especialmente nas escolas, que o horror se prolonga.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), uma em cada três pessoas em Gaza passa dias sem comer, e mais de 320 mil crianças pequenas estão em risco de desnutrição aguda.

A fome, a sede e o colapso dos serviços básicos tornaram-se armas de guerra. A destruição sistemática das escolas e universidades transformou o território em um deserto educacional.

O que acontece em Gaza e na Cisjordânia fere o coração da educação e da dignidade humana: escolas e universidades destruídas, professores e estudantes mortos, o conhecimento sufocado em meio aos escombros.

Desde o início da ofensiva israelense, a guerra devastou quase toda a rede educacional. Segundo o Ministério da Educação e do Ensino Superior da Palestina, o cenário é desolador:

  • 18.489 estudantes palestinos assassinados — 18.346 em Gaza e 143 na Cisjordânia;
  • 28.854 estudantes feridos;
  • 970 professores e outros trabalhadores da educação mortos;
  • 4.533 educadores feridos;
  • 160 escolas públicas e 63 universidades completamente destruídas;
  • Mais de 200 escolas bombardeadas ou vandalizadas;
  • 95% da infraestrutura educacional de Gaza reduzida a ruínas, deixando 660 mil crianças fora das salas de aula.

Educar é lutar pela paz

Para a Contee, a educação é, por essência, uma prática de paz.
Educadoras e educadores formam cidadãos críticos, constroem pontes entre povos e defendem o direito à vida e à dignidade. Por isso, a luta pelo fim do genocídio na Palestina é também uma luta dos trabalhadores e trabalhadoras da educação.

A Contee conclama toda a categoria a erguer essa bandeira neste 15 de outubro e ao longo dos próximos dias: a falar sobre a Palestina nas escolas, nas salas dos professores, nas redes sociais e nos espaços sindicais; e a transformar a data em uma jornada de consciência, solidariedade e defesa dos direitos humanos universais.

Violência também é a negação da dignidade

A violência contra a educação não está apenas nas bombas lançadas sobre Gaza. Ela também se manifesta no Brasil, nas escolas cercadas pela militarização, na uberização do trabalho docente, na precarização das relações de emprego e na exaustão das jornadas.

Mas há outro dado alarmante: a violência dentro das próprias escolas brasileiras mais do que triplicou em dez anos.

Segundo levantamento da Fapesp, com base em dados do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), 2023 foi o ano mais violento já registrado no ambiente escolar: foram 13,1 mil estudantes e profissionais da educação atendidos em hospitais públicos e privados após automutilações, tentativas de suicídio ou agressões físicas e psicológicas ocorridas nas escolas.

Em 2013, haviam sido 3,7 mil casos. O aumento é brutal. Metade das ocorrências envolveu agressões físicas, seguidas por violências psicológicas (23,8%) e sexuais (23,1%). O Ministério da Educação classifica quatro principais tipos de violência que assolam as escolas brasileiras: agressões letais e premeditadas; violência interpessoal entre alunos e professores; bullying persistente; e episódios no entorno escolar, como tiroteios, tráfico e roubos.

Pesquisadores apontam que o avanço da violência escolar tem raízes profundas: a desvalorização do magistério, a relativização dos discursos de ódio, a precarização da infraestrutura educacional, o despreparo para lidar com casos de misoginia e racismo e o abandono das políticas públicas integradas de mediação e proteção.

São sinais de uma sociedade adoecida, onde o ódio e o individualismo corroem o espaço que deveria ser o da convivência e da esperança.

Quando os educadores e educadoras são obrigados a trabalhar seis dias por semana, em três turnos, em mais de uma escola, isso também é violência contra a vida e a dignidade humana. Jornadas exaustivas são sentenças de morte lenta. A lógica que transforma a educação em mercadoria e o educador em peça descartável é a mesma que naturaliza o sofrimento, o medo e o silenciamento.

A Contee defende o fim do modelo 6×1, o direito ao descanso, ao tempo livre e à vida plena. Defende escolas que eduquem para a liberdade, não para o controle e o medo.

Denunciar o genocídio na Palestina é também denunciar todas as formas de opressão que matam por dentro os profissionais da educação do Brasil. A luta pela paz é internacional e diária: é lutar para que nenhuma bomba destrua escolas em Gaza, mas também para que nenhuma política destrua a escola pública brasileira.

O que acontece na Palestina e no mundo afeta a todos nós

A guerra destrói escolas, mas, mesmo diante da barbárie, a educação resiste — verdadeiro sinal de esperança. O UNICEF e a UNRWA, com o apoio de comunidades locais, têm improvisado escolas com restos de madeira e papelão. Em Gaza, professores e estudantes seguem ensinando e aprendendo em meio ao horror, porque sabem que o saber liberta e que a ignorância perpetua a opressão. Esse gesto inspira educadores no Brasil e no mundo.

Educar é resistir
Educar é transformar
Educar é combater a violência, dentro e fora das escolas

Neste 15 de outubro, a Contee reafirma:

Pela educação, pela paz, pelo fim do genocídio.
Por solidariedade internacional, democracia e justiça social
Pela valorização dos profissionais da Educação!

Da Redação Contee

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