Tragédia no Paraná e início da COP30 reforçam urgência da justiça climática e social
Três dias antes do início da COP30, cidades do Paraná foram devastadas. Essa tragédia se impõe como um recado contundente à humanidade: as consequências da ação desmedida do ser humano sobre a natureza não podem ser ignoradas.
A destruição das florestas, o avanço do desmatamento, o uso predatório dos recursos naturais e a expansão de um modelo econômico que despreza os limites ecológicos vem produzindo catástrofes cada vez mais frequentes — da seca extrema às enxurradas, da fumaça que sufoca aos ventos que arrancam telhados e vidas.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) manifesta profunda solidariedade e compartilha a dor das famílias atingidas pelos tornados que devastaram comunidades paranaenses na última sexta-feira (7), deixando seis mortos, mais de 750 feridos e mais de mil desabrigados.
O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) confirmou que três tornados, com ventos que chegaram a 330 km/h, atingiram os municípios de Rio Bonito do Iguaçu, Guarapuava e Turvo, provocando destruição quase total em algumas áreas. Em Rio Bonito do Iguaçu, 90% dos imóveis foram arrasados.
Não se trata de mera coincidência que o país vivencie, ao mesmo tempo, um desastre natural sem precedentes e um encontro mundial pelo futuro do planeta. A tragédia no Paraná evidencia, com urgência dolorosa, os temas que pautam a 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30), iniciada nesta segunda-feira (10), em Belém (PA). É a primeira vez que o Brasil sedia uma Conferência do Clima das Nações Unidas desde a Rio-92, que deu origem ao evento.
A abertura oficial, realizada na manhã desta segunda-feira (10), na Plenária Amazonas, reuniu autoridades brasileiras e marcou o início de duas semanas decisivas para a ação global contra as mudanças climáticas, com a participação de cerca de 50 mil pessoas, entre diplomatas, líderes, ativistas, cientistas e representantes da sociedade civil.
A Cúpula de Líderes já destacou as prioridades das negociações: acelerar a transição energética, ampliar o financiamento climático e proteger as florestas tropicais.
O Brasil está no centro dessa encruzilhada climática: país de imensa riqueza ambiental e de profundas desigualdades sociais, que se encontra na linha tênue entre a exploração predatória e a proteção justa e solidária da Mãe Terra.
A Contee reafirma que a educação é parte essencial dessa travessia, pois é pela formação crítica, científica e humanista que se constrói uma consciência planetária capaz de transformar hábitos, valores e políticas públicas.
A Contee também reconhece e valoriza a solidariedade ativa dos movimentos populares — como as brigadas internacionalistas organizadas pelo MST — e dos cidadãos e cidadãs que vêm prestando apoio às pessoas afetadas pelo desastre. Esses gestos expressam o verdadeiro espírito de fraternidade entre os povos e a defesa da vida diante das injustiças e das guerras, sejam elas militares, econômicas ou ambientais.
Tempos tenebrosos no Brasil e no mundo. A natureza vem dando sinais e adverte a humanidade: ou a sociedade mundial muda sua forma de viver e produzir, ou será consumida e dizimada pela própria indiferença.
Que a dor do povo paranaense se converta em consciência global e que a COP30 marque um compromisso real com a justiça climática, social e educativa.
Brasília, 10 de novembro de 2025
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee)





