Dia Internacional de Combate à Violência contra as Mulheres marca Marcha das Mulheres Negras em Brasília

O 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, alerta para a persistente violência de gênero. A data tem origem na memória das irmãs dominicanas Pátria, Minerva e María Teresa Mirabal, assassinadas em 1960 por ordem do ditador Rafael Trujillo, em represália à resistência política que lideravam. Em reconhecimento à luta das três mulheres, a ONU oficializou a data em 1999, tornando-a um símbolo global do enfrentamento a todas as formas de violência contra mulheres.

Segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde, pelo menos uma a cada três mulheres entre 15 e 49 anos já sofreu violência sexual ou doméstica, totalizando mais de 840 milhões de mulheres em todo o mundo. No Brasil, em 2024, 1.492 mulheres foram vítimas de feminicídio, sendo mais de 60% negras, e em cerca de 80% dos casos, o agressor era companheiro ou ex-companheiro. Esses números evidenciam que, mesmo com avanços legislativos, a violência de gênero permanece um problema estrutural.

A ministra do STF e presidente do TSE, Cármen Lúcia, destacou durante o seminário Democracia: Substantivo Feminino, realizado ontem (24/11), que, apesar de avanços institucionais, a violência contra mulheres e crianças continua gravíssima. “Uma mulher assassinada a cada seis horas no Brasil é não civilizatório — mais do que isso, é não humano”, afirmou. Ela ressaltou que, embora todas sejam afetadas, as mulheres negras são historicamente as mais vulneráveis, especialmente aquelas sem acesso a serviços públicos essenciais.

21 dias de ativismo pelo fim da violência

No país, a mobilização dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Meninas e Mulheres ocorre de 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, até 10 de dezembro. A escolha da data inicial evidencia a ligação entre combate à violência de gênero e desigualdade racial, destacando a vulnerabilidade das mulheres negras.

Em 2025, a campanha também alerta para a violência digital, que se manifesta por assédios, ameaças, perseguições e compartilhamento não autorizado de imagens, afetando mulheres negras, indígenas, LGBTQIA+ e com deficiência. Um dos destaques é o Dia M – Mulheres, Mobilidade e Mais Respeito, em 2 de dezembro, voltado ao combate à importunação sexual nos transportes públicos, com ações presenciais na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, pelo Projeto Tenda Lilás.

A agenda inclui ainda a divulgação de serviços como o Ligue 180, que completa 20 anos, e campanhas sobre violência doméstica, feminicídio, saúde das mulheres e igualdade racial e de gênero.

Marcha das Mulheres Negras por reparação e bem viver

Neste 25 de novembro, a Marcha das Mulheres Negras ocupa Brasília, incluindo a Esplanada dos Ministérios e o Congresso Nacional, ao longo de todo o dia. Com o tema “Reparação e Bem Viver”, a mobilização destaca que, apesar de representarem o maior grupo populacional do Brasil — mais de 60 milhões de mulheres negras —, ainda enfrentam os piores indicadores sociais, como o dobro da taxa de analfabetismo em relação às mulheres brancas, maior exposição à violência doméstica e feminicídio, além de desemprego e desigualdade salarial.

A marcha reúne organizações, quilombos urbanos, coletivos e espaços de cuidado, como a Casa Akotirene Quilombo Urbano, que atua com centenas de mulheres em Ceilândia e leva para a mobilização um estandarte construído coletivamente, carregando os sonhos e lutas de quem transforma seus territórios diariamente. A mobilização denuncia o racismo estrutural, a violência de gênero e reivindica políticas públicas que promovam dignidade, igualdade e direitos sociais.

Democracia exige igualdade e respeito

A Contee reafirma, nesta data emblemática, seu compromisso com a defesa dos direitos humanos, igualdade de gênero, igualdade racial e educação como instrumento de emancipação social. A Confederação repudia qualquer forma de violência, racismo, misoginia, discriminação ou assédio, seja nos espaços privados, instituições de ensino, ambientes de trabalho ou na vida pública.

Para a Contee, a democracia se sustenta no respeito à pluralidade, na proteção das mulheres e no combate à desigualdade que marca historicamente a vida das mulheres negras no Brasil. Sem isso, não há liberdade, não há justiça, não há país possível. A entidade se soma às vozes que ecoam nas ruas de Brasília neste 25 de novembro: por reparação, bem viver, equidade, dignidade e por uma vida sem violência para todas as mulheres.

Da Redação Contee

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
666filmizle.xyz