Ministra critica ‘mundo patriarcal’ e prega qualidade de cidadania para mulheres
São Paulo – No encerramento de caravana organizada pela CUT de São Paulo para discutir igualdade e autonomia das mulheres, a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, afirmou que os profissionais de segurança “ainda são muito destreinados” para atender ao público feminino, “com atitudes preconceituosas e de julgamento, o que muitas vezes as coloca em situação de rés, em vez de vítimas”. Durante quase um mês, de 9 de novembro até a última sexta (6), a caravana percorreu as cidades e regiões de Presidente Prudente, Bauru, São Carlos, Sorocaba, Vale do Ribeira, Baixada Santista, ABC, Mogi das Cruzes, Guarulhos, Jundiaí e Osasco para debater o tema e identificar problemas locais para sugerir soluções.
“Esse relatório tem de servir para subsidiar a implementação de políticas que realmente respondam às necessidades das mulheres. Não queremos uma democracia só representativa, queremos uma democracia participativa também, com qualidade de cidadania em todas as frentes de trabalho”, disse a ministra.
Os participantes da caravana, com o tema Por Autonomia e Igualdade: Luta contra a Violência à Mulher, constataram que, apesar dos avanços garantidos desde a aplicação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 2006), a violência praticada contra as mulheres ainda faz parte do cotidiano e está longe de ser superada. Entre as principais reivindicações colhidas estão a criação de uma rede integrada, casas de abrigo e abertura de mais creches.
“A carência de atendimento mostra mais uma vez que apesar de toda a propaganda que existe, ainda há ausência de políticas públicas e investimentos no setor. E as políticas públicas devem ser investimento de Estado e não de governo”, afirma a secretária de Imprensa da CUT-SP, Adriana Oliveira Magalhães.
Para o presidente da entidade, Adi dos Santos Lima, a caravana deve servir de exemplo para ressaltar o princípio da igualdade. “Tenho certeza de que por onde ela passou, plantou uma semente que vai dar frutos. Não importa quando, mas sei que em algum momento isso vai acontecer.”
As ações cutistas em todo o Estado de São Paulo lembram o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Violência Contra a Mulher e também a Campanha dos 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher, realizada de 25 de novembro a esta terça-feira (10).
Cidade de São Paulo
A secretária municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo, Denise Motta Dau, destacou as iniciativas do município. “Estamos conseguindo implementar aqui o programa Mulher, Viver sem Violência. Temos nove serviços para mulheres na cidade, sendo cinco centros de cidadania e quatro centros de referência.” Segundo ela, até junho do ano que vem a cidade contará com uma Casa da Mulher Brasileira, onde haverá integração dos serviços da delegacia da mulher, defensoria pública, atendimento psicológico e social e encaminhamento para emprego.
Por meio de um convênio estabelecido com o governo federal, até o final de 2014 a cidade também contará com a criação de uma Casa de Passagem, que funcionará no bairro da Vila Mariana, na zona sul, anexo ao Centro de Referência da Mulher Eliane de Grammont, como abrigo temporário pelo período de até 15 dias, renovável por mais 15, para atender a mulheres vítimas de violência. A casa de passagem terá estrutura para abrigar até dez famílias, com mulheres e filhos.
A secretária informa que a cidade conta com 62 terrenos licitados para novas creches, uma das principais reivindicações dos moradores das localidades visitadas pela caravana cutista.
“A creche é uma política pública fundamental para as mulheres, porque muitas vezes as mulheres abrem mão do mercado de trabalho formal para dividir seu tempo com cuidados com os filhos. A busca por alternativas fora da formalidade muitas vezes pode levar à precarização. A política pública de creche é determinante para a nossa autonomia”, afirma a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane Silva.
Segundo pesquisa do IBGE, cerca de 9 milhões de jovens, de 15 a 19 anos, não estudam nem trabalham. Destes, 70% são mulheres. “Essa questão está muito ligada à maternidade precoce e à falta de autonomia econômica das mulheres. Precisamos de projetos de capacitação e formação para possibilitar outras perspectivas, por isso estamos participando de um edital do Ministério da Justiça para trazer os programas Protejo e Mulheres da Paz para o nosso município”, diz Denise.
Da Rede Brasil Atual