Olho Crítico: Reforma política, uma necessidade inadiável
O Brasil ingressou num ciclo político mudancista após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, um operário nordestino, para a Presidência da República em 2002. Colhemos muitas coisas positivas desde então, cabendo destacar a política de valorização do salário mínimo, o programa Bolsa Família, a redução da taxa de desemprego e uma política externa altiva e soberana, que não mais está subordinada aos EUA e aposta na integração dos países da América Latina e no Brics.
Temos progredido, mas é preciso avançar mais. Persistem no Brasil graves carências e problemas sociais, na saúde, na educação, na segurança, nos transportes, nas relações de trabalho. São problemas herdados de governos antipopulares, preocupados em servir as elites econômicas em detrimento da classe trabalhadora e dos interesses nacionais.
O país reclama profundas transformações. Para alcançá-las é necessário mudar as estruturas que moldam nossa sociedade e realizar as reformas democráticas (agrária, política, tributária, urbana, da mídia, da educação e do Judiciário), cabendo destacar a necessidade inadiável da reforma política.
Além de ser uma fonte inesgotável de corrupção, o sistema político-eleitoral vigente hoje no Brasil consagra o domínio do poder econômico sobre governos e parlamentos e impede uma maior participação popular no jogo político.
É difícil senão impossível avançar nas mudanças sem alterar as atuais regras do jogo, sem o estabelecimento do financiamento público exclusivo das campanhas, proibindo-se as contribuições das empresas. É preciso ainda regulamentar os instrumentos de democracia direta, os projetos de lei de iniciativa popular, o referendo e o plebiscito, alem de criar novos canais de participação popular.
Adilson Araújo, presidente da CTB, para o Jornal Olho Crítico