Uma dúvida: A comoção cega?

ritaPor Rita Fraga*

O que estamos acompanhando pelas pesquisas eleitorais após a triste e trágica morte do candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, é um fato que, no mínimo, deveria ser estudado por psicólogos, psiquiatras, neurologistas, quiçá oftalmologistas.

Entendo, claro, a comoção pela morte de uma pessoa tão jovem; uma figura pública, carismática como Eduardo Campos falecer tão tragicamente, realmente, é muito triste, todos sentiram. No entanto, tal fato não justifica as pessoas mudarem suas posições políticas, seus ideais. O que se vê nos últimos dias é uma mudança tão grande no cenário eleitoral que assusta qualquer um. Seja lá quem for.

Não é voto consciente, não é voto de protesto, é voto de comoção. Como se estivessem votando em Eduardo Campos, em suas ideias, em seus ideais. Contudo, só posso nomear esse voto por comoção como cego, aventureiro. Perdoem-me. Não é possível o quadro político ter se alterado tanto em tão pouco tempo.

Aparentemente, o rápido crescimento da substituta de Campos, Marina Silva, nas sondagens eleitorais se explicaria por um desejo de mudança, um rompimento da polarização entre PT e PSDB. Vontade de mudança, aliás, que vem a reboque das “jornadas de junho” do ano passado, como uma apropriação simbólica daquelas manifestações na quais grande parte de quem foi às ruas expressou um descontentamento com os partidos e as instituições políticas.

Todavia, é necessário ter cautela ao se falar em “nova política” quando, na verdade, o que estão em jogo velhas práticas. Algumas, inclusive, que haviam sido paulatinamente superadas nos últimos anos, para insatisfação das elites. Em um momento como este, quaisquer discursos que se faça – seja em nome da continuidade, da retomada de algo que foi superado ou da novidade pela novidade – nada querem dizer se não vierem acompanhados de argumentos e propostas contundentes, que contemplem avanços e se comprometam com um desenvolvimento soberano, calcado na justiça social, dos direitos humanos e no bem comum. E caba a nós analisarmos muito bem os discursos – e tudo o que há por trás deles – e confrontá-los com aquilo que realmente queremos para o país.

Estas eleições, de fato, sofreram uma reviravolta inesperada. Infelizmente, um candidato tão jovem faleceu e tragicamente, alguém com uma trajetória progressista que, certamente, contribuiria para o enriquecimento do debate. Não vamos, porém, fazer disso uma outra tragédia. Portanto, você que irá votar, vote consciente aos seus ideais, aos seus posicionamentos políticos para um Brasil melhor para todos.

Vote consciente!

*Rita Fraga é coordenadora da Secretaria de Gênero e Etnia da Contee

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