Um ataque à democracia chamado Eduardo Cunha
Na última sexta-feira (17), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, fez um pronunciamento em rede nacional de televisão e rádio, fazendo um balanço do trabalho do Legislativo. Durante cinco minutos, Cunha listou projetos aprovados, disse que “as principais demandas da sociedade” é que estão pautando o trabalho da Casa e que “nunca a Câmara trabalhou tanto como agora”, de maneira “mais independente” e “com iniciativa”. Entre tais “demandas”, teve o despautério de citar questões como a redução da maioridade penal e a suposta “regulamentação” dos trabalhadores terceirizados.
Como se não bastasse o pronunciamento ter ido ao ar um dia depois de ele ser acusado por Júlio Camargo, um dos delatores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras, de ter lhe pedido propina no valor de US$ 5 milhões e exatamente no mesmo dia em que, por causa da delação, ele anunciou seu rompimento com o governo – como se alguma vez tivesse se mostrado aliado –, o discurso mostra o total descompasso entre a condução autoritária, desastrosa e fascista que tem feito na Câmara e as reais reivindicações dos movimentos sociais.
A verdade é que Eduardo Cunha não só tem ido da contramão dos avanços defendidos pelo pensamento progressista, atropelando noções básicas de cidadania – incluindo direitos humanos, conquistas trabalhistas, proteção á criança e ao adolescente e até mesmo a própria Constituição –, como também representa o que há de mais nefasto na política brasileira, pautando-a por interesses econômicos escusos e escancarando ainda mais as portas da corrupção, como no caso da aprovação, também capitaneada por ele, do financiamento empresarial de campanha.
Para combater tudo isso, é fundamental que a sociedade civil organizada se una na luta contra propostas como a redução da maioridade penal e a terceirização desmedida, mas também na batalha em defesa de uma reforma política realmente democrática, que de fato atenda as expectativas do povo brasileiro, bem como de todos os projetos que façam o Brasil avançar de forma democrática, soberana e com respeito à participação popular.
Da redação