Sindicalistas desafiam Eliseu Padilha a defender terceirização nas portas de fábrica
São Paulo – Em nota conjunta, a Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM) e a Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos (FEM) da CUT de São Paulo desafiaram ontem (4) o ministro chefe da Casa Civil do governo interino, Eliseu Padilha, a repetir na porta das fábricas o discurso feito dias atrás em uma reunião com empresários, quando defendeu a terceirização irrestrita da mão de obra.
“Estamos fazendo um convite para que ele venha conversar com aqueles que sofrerão com a terceirização. O Brasil não pode retroagir e aqueles que terão que arcar com as consequências nem sequer são consultados”, afirmou Luiz Carlos da Silva Dias, presidente da FEM-CUT, em entrevista à repórter Vanessa Nakasato, da TVT.
Segundo o sindicalista, a terceirização defendida pelo governo interino de Michel Temer “é retrocesso de 50 anos”, que precariza o trabalho, retira os direitos sociais e coloca a vida dos trabalhadores em risco. “As terceirizadas são as campeãs de acidentes de trabalho, pagam os menores salários, os menores benefícios, algumas deixam de cumprir com as suas obrigações legais, não depositam FGTS e Previdência.”
“Nós temos muitos casos relatados de calote de empresas que simplesmente fecham as portas e abandonam o trabalhador. Eles ficam sem trabalho e sem as verbas rescisórias. A contratante não tem a responsabilidade também por aquele trabalhador terceirizado”, diz Patricia Pelatieri, coordenadora de pesquisas do Dieese.
O projeto de lei que tramita no Senado permite a terceirização de todas as atividades das empresas e não de apenas alguns setores, como é hoje.
“Na escola, por exemplo, você tem um serviço de limpeza, você tem cantina, tem um serviço de segurança, mas o negócio da escola é o ensino. Com o projeto, os professores poderiam ser todos terceirizados. Então, quem está recebendo o serviço sempre fica sem ter com quem reclamar”, diz Patricia.
“Depois de a atividade ser terceirizada, o próximo passo vai ser flexibilizar as férias, fracionar décimo terceiro, diminui adicional noturno, que é o que eles dizem que está obsoleto e ‘trava’ o Brasil”, conclui o presidente da FEM-CUT.
Para os sindicalistas, a terceirização indiscriminada trará consequências sérias para a economia e o desenvolvimento do país. “Significa que você vai reduzir a massa salarial brasileira em 30%. Isso vai reduzir o consumo das famílias e das pessoas minimamente em 30%. Para um país que precisa que a economia volte a crescer, vamos para o caminho inverso”, afirma Luiz Carlos.