#TchauCunha: O condutor do impeachment se faz de vítima depois de transformar em vítima o país

As lágrimas nos olhos foram noticiadas por toda a imprensa nacional. Foi com elas que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou hoje (7) à Presidência da Câmara, cargo do qual estava afastado desde o dia 5 de maio por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que também suspendeu o seu mandato parlamentar por tempo indeterminado.

Sob gritos de ‘‘Fora Cunha’’, ele fez o anúncio da decisão em pronunciamento dentro da própria Câmara e, com a voz embargada, disse que sua família foi alvo de perseguição e que foi um ‘‘alto preço’’ pago por ter ele ter dado início ao processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.

Sim, foi um alto preço, mas cobrado na conta de milhões de brasileiros que, pela manobra de um chantagista, agora enfrentam um golpe que ataca uma democracia construída a duras penas e destrói direitos e conquistas sociais. Alto preço para toda a sociedade brasileira, vítima daquele que agora se faz de vítima, mas que é, na verdade, investigado na Operação Lava Jato, réu em duas ações no STF e alvo de uma terceira denúncia ainda a ser analisada, além de responder a um processo disciplinar no Conselho de Ética da Câmara, que aprovou parecer pela cassação de seu mandato.

O fato de o impeachment ter sido conduzido pelas mãos de Cunha, esse que agora chora, mostra o quanto o processo de destituição da presidenta Dilma é, sim, um golpe escancarado. E a saída dele da Presidência seria um fato a se comemorar não fossem todas as evidências de que existe, por trás, um acordo às escuras, provavelmente visando a manutenção de seu mandato e, em contrapartida, seu silêncio quanto aos crimes cometidos pelos demais golpistas.

Na ocasião da decisão do STF sobre o afastamento de Cunha, a coordenadora-geral da Contee, Madalena Guasco Peixoto, criticou a demora na decisão, apontando a parcialidade do judiciário, que somente seria idôneo se anulasse os últimos atos do peemedebista, tomados ilegitimamente, como a abertura do processo de impeachment. Isso não foi feito e, mesmo com Cunha agora definitivamente fora da Presidência da Câmara, o golpe segue seu curso. Por isso, como também alertou Madalena, a atenção aos desdobramentos e a ocupação das ruas precisa continuar. A força dos trabalhadores e trabalhadoras da educação e a força do povo brasileiro ampliarão a luta pelo Estado Democrático de Direito e contra o retrocesso.

#LutarSempreDesistirJamais

Da redação

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