Dia da Consciência da Negra: Por um país justo
Não é incomum, ainda mais em tempos de desrespeito manifesto aos direitos humanos e de uma de onda de expressões racistas, pipocarem questionamentos nas redes sociais sobre o porquê de os negros serem chamados de “minoria” se representam mais de 50% da população brasileira. A pergunta revela um desconhecimento, para não dizer uma deliberada tendenciosidade, uma vez que o termo não é usado para se referir necessariamente a quem está em inferioridade numérica, mas àqueles em situação de subordinação socioeconômica, política ou cultural em relação a outro grupo dominante. Passados quase 130 anos da abolição da escravatura, essa ainda é, lamentavelmente, a realidade dos negros no Brasil.
Segundo apresentado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Seminário Racismo no Mundo do Trabalho, realizado no início de novembro, na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT), em São Paulo, a média de salário do homem branco é R$ 2.507; a da mulher branca, R$ 1.810; a do homem negro, R$ 1.458; e a da mulher negra, R$ 1.071, números que revelam, por si só, a disparidade. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último dia 17, entre os 13 milhões de desempregados no país no terceiro trimestre, 63,7% eram pretos ou pardos. Enquanto isso, na educação, conforme números do Pnad de 2015, ao passo que 7,4% dos brasileiros brancos não têm instrução, o índice era de 14,4% entre pretos ou pardos.
No último Congresso Nacional da Contee (Conatee), realizado em agosto de 2016, a Confederação, que já contava com a Secretaria de Gênero e Etnia, separou em duas: a Secretaria de Defesa dos Direitos de Gênero e LGBTT e a Secretaria de Direitos Humanos, Respeito às Etnias e Combate ao Racismo, justamente por entender a importância dessa luta específica no âmbito do movimento sindical e educacional. E neste 20 de novembro, aniversário de morte de Zumbi dos Palmares — último líder do maior dos quilombos do período colonial — e Dia Nacional da Consciência Negra, a entidade reafirma seu compromisso com uma educação que atue no enfrentamento à discriminação e à desigualdade.
A defesa da igualdade racial é uma bandeira da Contee e parte da nossa militância diária por um país justo para todos e todas.
Por Táscia Souza