Dilson Tenório, do Sintep-AL: Os trabalhadores precisam resistir e lutar
O presidente do Sintep – Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado de Maceió, Dilson Tenório concedeu entrevista onde abordou diversas questões sobre as mudanças nos direitos trabalhistas e as ações desenvolvidas pelo sindicato que representa.
Dilson aponta que a Reforma Trabalhista significa um retrocesso, mas que os trabalhadores e a população ainda não perceberam suficientemente a gravidade da situação. Ele relata as conquistas que o Sintep obteve para sua categoria, fala ainda das perspectivas para 2018 e afirma: “os trabalhadores precisam resistir e lutar”.
Confira a seguir a entrevista na íntegra:
Mariana Moura: O que os trabalhadores podem esperar da reforma trabalhista?
Dilson Tenório: Não podemos esperar dias melhores diante dessa realidade que, com a desculpa de combater o desemprego, permite que empresas demitam em massa, quando antes da reforma a lei determinava o acompanhamento dos Sindicatos e o conhecimento do Ministério do Trabalho. Permite também fracionar os trinta dias de férias e muitas outras concessões que irão tornar o trabalho praticamente escravo no Brasil. É preciso despertar a consciência da população para esses absurdos.
MM: Como o senhor observa o papel dos sindicatos hoje?
DT: Vejo que os trabalhadores na sua maioria não se deram conta do retrocesso sofrido com a retirada de direitos. O cenário apresentado não é fácil. Esse ataque aos trabalhadores através da reforma, não só retira direitos como também fragiliza o seu representante legal. O Sindicato nunca teve um papel tão importante e necessário para a vida do trabalhador e diante do desmonte de direitos conquistados, o dever do sindicato é combater, denunciar, negociar e fortalecer a base, politizando e buscando melhorias. Os trabalhadores precisam resistir e esse será o papel do SINTEP, sempre firme e combativo.
MM: Como tem sido a relação do Sintep com as Instituições de Ensino?
DT: Temos uma relação tranquila com as Instituições de Ensino. Buscamos o diálogo, mas quando isso não é possível, nos cabe buscar os caminhos legais que muitas vezes os desagradam. Nosso dever é lutar pelos interesses dos trabalhadores, garantindo que as conquistas que temos na legislação e no que está acordado seja cumprido.
MM: Qual o balanço que o senhor faz de 2017?
DT: Foi um ano difícil, especialmente para nós trabalhadores. Um ano de muita resistência a um verdadeiro assalto aos direitos do povo e às riquezas do país. O Sintep esteve em todas as frentes de resistência possível, ocupando as ruas várias vezes durante o ano passado.
Mas também foi um ano com conquistas para a nossa categoria. Diante da dificuldade do cenário nacional, nós reforçamos as nossas negociações e conseguimos impedir que houvesse perdas nos direitos que já tínhamos garantido nos acordos coletivos anteriores. Além disso, conseguimos em alguns casos avançar em ganhos sociais para a categoria.
Na educação básica nós ampliamos para 40% o desconto das bolsas de estudo para filhos e dependentes legais dos associados e tivemos reajuste salarial de 8% em 2016 e 5% em 2017. No ensino superior conseguimos garantir um reajuste de 5% e também o retroativo de 2016 em 7%. No Cesmac por exemplo, nós conquistamos reajuste de 10% no vale-alimentação e plano odontológico sem qualquer contrapartida do trabalhador.
O sindicato passou também por um importante processo eleitoral que elegeu a atual diretoria com aprovação de 95,26% dos votantes. Sem falar nas ações e eventos que foram realizados. Em resumo, foi um ano de muito trabalho e luta.
MM: 2018 já começou, quais os desafios e perspectivas para esse ano?
DT: O Sindicalismo brasileiro atravessa momentos difíceis. Precisamos continuar buscando estratégias e ações eficazes para vencer os desafios e garantir a ampla defesa dos trabalhadores. Estamos firmes para mais uma jornada de negociação das nossas convenções e acordos coletivos. Para 2018 teremos como prioridade nossa campanha de filiação, ampliação dos convênios em diversas áreas, capacitação da diretoria, visitas às escolas e faculdades conscientizando os trabalhadores da importância do sindicato.
O Sintep continuará lutando incansavelmente pelos direitos dos trabalhadores, buscando melhores condições de trabalho, combatendo a exploração do trabalhador e assegurando a representatividade da categoria. O momento é de continuar unindo a classe trabalhadora junto ao Sintep e assim, fortalecer as mais diversas frentes de luta.
Continuaremos combativos e para tanto, conclamamos os trabalhadores para que juntos possamos vencer e garantir nossos direitos.
Por Mariana Moura
Do Sintep-AL