Militarização das escolas objetiva domesticar a juventude
“A juventude é rebelde, contestadora, e a militarização das escolas é uma tentativa de controlá-la. Mas a educação é um espaço de resistência, de democracia, de luta. Tem sido muito atacada pelo atual governo e seus apoiadores, mas também é um local de luta, como é o caso da greve geral de 15 de maio que os trabalhadores do setor vão fazer, contra a reforma da Previdência”. A afirmação foi feita pelo coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, durante debate no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo. Também participaram do debate “Militarização e retrocessos na educação”, promovido pela entidade, a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias, e o dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Gilmar Ferreira Soares. Também esteve presente o coordenador da Secretaria de Finanças da Contee, José de Ribamar Virgolino Barroso.
Segundo Gilson, “o governo apresenta grandes contradições – dentro dele, disputam a educação o mercado, o grupo religioso fundamentalista e as Forças Armadas que, articuladas com as polícias militares, buscam um projeto unificado. Quem prevalecer na disputa, disporá do orçamento de R$ de quase R$ 18 bilhões do Ministério da Educação, o maior orçamento dentre os ministérios. A disputa não está resolvida. Precisamos construir um amplo movimento da educação, sem nenhuma restrição, para o enfrentamento desses projetos governamentais para a área, nenhum deles positivo. É necessário unificar os interessados em educação, cultura, comunicação e ciência e tecnologia para combater essa política ultraliberal no ensino. A educação tem papel fundamental na democracia, na promoção da cidadania, na inclusão social e na construção de um projeto de nação”.
Para Marianna, “a escola militarizada tem gastos três vezes maiores do que as demais escolas públicas. Seu gasto com salários é dez vezes maior e seus outros gastos também maiores. Militarizar escola, sem investimento, vai trazer qualidade e disciplina?, não. Por outro lado, precisamos formentar o debate pela nova escola pela qual o Brasil deseja. Não se trata de tirar doutrinação marxista, que isso não existe! Temos que dizer o que conquistamos e o que pretendemos para a educação brasileira. Como disse Gilson, a universidade é um terreno fértil para a defesa da democracia, e o governo acusa a universidade de inoperante – há uma coerência nessa ofensiva de direita, antidemocrática. Não temos opção a não ser questionar, revoltar e lutar. Queremos a pluralidade do cabelo, e não apenas o coque; queremos liberdade no modo de vestir e de expressar-se. Os jovens estão assustados e não sabem o que fazer, mas vão reagir”.
Gilmar denunciou que a militarização da escola “pretende diminuir qualquer compreensão e participação política dos estudantes na sociedade. A visão humanista de sociedade não interessa à classe dominante, a quem os militares servem. O projeto do Governo Bolsonaro tem como um de seus pilares destruir a Constituição de 1988 e seus valores democráticos e sociais”.
Altamiro Borges, presidente do Barão, que coordenou o debate, informou que a internet registrou 3.907 acessos ao evento e mais de 200 pessoas lotaram o auditório. “ O governo vem atacando a mídia (embora os grandes meios de comunicação tenham apoiado sua eleição), a educação, a cultura e a ciência e tecnologia. O Barão se coloca à disposição para debater todos esses setores, para discutir o que podemos fazer pela unidade para enfrentar essa situação”, completou.
Assista à integra da fala de Gilson Reis:
Por Carlos Pompe