Sindicalistas do Brasil, Chile e Argentina debatem estratégia de luta contra arrocho
A CUT e demais centrais (Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Intersindical, Intersindical Instrumento de Luta, CSP-Conlutas e CGTB), as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e os partidos políticos de oposição PT, PSB, PCdoB, PDT, PSOL e Rede, se reuniram na manhã desta segunda-feira (18), com representantes dos trabalhadores do Chile e da Argentina para debater as estratégias de enfrentamento ao neoliberalismo que vêm sendo implementadas na América Latina.
O Encontro Emprego e Desenvolvimento foi realizado na sede do Sindicato dos Químicos de São Paulo, onde os brasileiros apresentaram propostas de enfrentamento ao desemprego e aos caos sociais no país desde o golpe de 2016.
Após um mês de rebeliões populares no Chile, Tamara Muños, diretora da Central Unitária de Trabalhadores do Chile (CUT-Chile), explicou que o país vizinho vive um momento de esperança na luta contra o neoliberalismo, implantado há 30 anos durante a ditadura do general Augusto Pinochet, que levou a população à miséria.
O resultado desse ‘endurecimento’ contra a os trabalhadores e trabalhadoras do Chile, resultou em privatizações, inclusive da Previdência Social, arrocho salarial, pobreza e miséria, além da precarização do trabalho. Segundo a dirigente, “mais de 80% da mão de obra no Chile é de trabalhos precários”.
“Os salários de nossos idosos mal dão para comprar remédios e, por isso, temos altos índices de suicídios entre os aposentados”, disse Tamara se referindo à capitalização da Previdência no Chile, que Guedes insiste em implementar no Brasil. A medida já foi barrada no Congresso Nacional, mas técnicos do governo afirmam à imprensa que vão mandar novamente a proposta de capitalização.
Outra consequência das políticas neoliberais foi a dificuldade de organização dos trabalhadores. “Negociações só podem ocorrer por empresa e não coletivamente”, ela afirma.
Violência contra o povo
Com as mobilizações populares no Chile, a repressão das Forças Armadas já deixou 23 mortos, mais de cem mil feridos e, ainda de acordo com a sindicalista, um acordo de paz só se dará por meio de uma nova Constituição, cuja elaboração tenha efetiva participação dos setores populares do país, incluindo movimentos sociais e sindical.
Já Roberto Bradel, secretário de Relações Internacionais da Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA), destacou a união dos movimentos sociais e centrais sindicais em torno de um tema comum e da luta contra os retrocessos impostos à classe trabalhadora brasileira, como está acontecendo no Brasil. E citou o ex-presidente Lula como símbolo da resistência.
“A unidade é extremamente importante para derrotar o neoliberalismo, não só no Brasil, mas em toda a América Latina e a luta pela liberdade de Lula foi um símbolo”.
Ele também falou do ex-presidente ao elencar os principais “eixos” que considera importantes para a luta da classe trabalhadora nos países sul-americanos. “Falo sobre a luta da militância pela liberdade de Lula, que é importante para a Argentina. Por que não há Brasil sem Lula Livre, não dá para pensar Argentina sem Brasil, pensar Bolívia sem Argentina e não dá para pensar nenhum país sozinho na América Latina”, disse Baradel.
Ele lembrou que a estratégia dos golpes e da ascensão do neoliberalismo na América Latina foi a mesma nos países onde aconteceu. “Começaram com a mídia, passam pela perseguição jurídica de lideranças até chegar na ‘captura’ (prisão) de líderes, como aconteceu com Lula e como acontece hoje na Bolívia, com várias lideranças”.
O sindicalista argentino também fez um resgate dos quatro anos do governo de Maurício Macri, que perdeu a reeleição para Carlos Alberto Fernández e Cristina Krichner, por 47,99% dos votos, contra 40,48%. De acordo Baradel, as políticas neoliberais de Macri trouxeram a pobreza de volta ao seu país.
“A Argentina tem 44 milhões de habitantes, produz alimentos para 400 milhões no mundo todo e, mesmo assim, tem 7% da população vivendo abaixo da linha da pobreza”, explica Baradel que constata: “A luta dos setores sociais e do movimento sindical na Argentina foi fundamental para derrotarmos esse projeto e termos um governo progressista novamente”.