É preciso pautar a centralidade da valorização do trabalho
A longa crise do capitalismo, em curso desde 2007, provocou uma ofensiva contra os trabalhadores em todo o Planeta. De acordo com Divanilton Pereira, secretário-geral adjunto da FSM (Federação Sindical Mundial), vários países têm implantado reformas trabalhistas ultraliberais nos últimos anos, com ataques aos sindicatos, retirada de direitos e precarização das condições de trabalho.
“É um período de grandes desafios para o movimento sindical no Brasil e no mundo, sobretudo para o sindicalismo classista. Precisamos pautar novamente a centralidade da valorização do trabalho”, afirmou Divanilton, nesta quinta-feira (19), em reunião com a direção da Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil).
Ele destacou que, graças à importância crescente da Rússia e da China na geopolítica, vivemos num mundo multipolar, com contrapontos mais efetivos à hegemonia dos Estados Unidos. Esse cenário praticamente obrigou a gestão Joe Biden a anunciar medidas mais favoráveis aos trabalhadores e aos sindicatos, num esforço, segundo Divanilton, para “recuperar terreno”.
“Não devemos ter muita ilusão”, afirma. “Os Estados Unidos fizeram grandes aportes estatais na economia. Com as contradições internas no país – e também com a disputa geopolítica mundial –, não dava para investir apenas no estímulo à produção e ignorar as demandas dos trabalhadores.”
De 12 a 14 de agosto, o sindicalista participou do 5º Congresso Nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). A atividade foi marcada pela unificação entre as duas centrais classistas do País – a CTB e a CGTB.
“Seguimos nossa premissa de radicalizar na unidade e conquistamos um resultado político muito importante, com repercussões, sinais e recados para o sindicalismo brasileiro”, avalia Divanilton. A seu ver, a fusão dá ainda mais sentido a uma das bandeiras de luta aprovadas no Congresso – a necessidade de uma nova Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora), a ser realizada pelas centrais sindicais, no primeiro trimestre de 2022.
Divanilton também marcou presença no Seminário Internacional “Crise Global do Capitalismo e o Futuro do Trabalho”, que precedeu o Congresso. Ele ressaltou o papel da FSM – que tem 75 anos de lutas e representa 105 milhões de trabalhadores em todas as regiões do Planeta. Desde 2015, a CTB integra a direção executiva da FSM.
A Fitmetal, da mesma maneira, está presente na UIS Metal (União Internacional Sindical em Mineração, Metalurgia e Indústrias de Metal). Francisco Sousa, secretário de Políticas Internacionais da Fitmetal, é o atual secretário-geral dessa UIS. “Tanto na UIS Metal quanto na FSM, nosso desafio é garantir uma participação qualificada nossa, que fortaleça o sindicalismo classista no Brasil e no mundo”, conclui Divanilton.