CUT promove curso de extensão universitária para dirigentes sindicais
A partir do bairro do Alto da Lapa, na capital paulista, um grupo de 42 dirigentes sindicais cutistas de diferentes regiões do Brasil e de diversas categorias tem viajado pelas ruas da Paris da época da Revolução Francesa, passado pela Rússia que derrubou o czarismo, com direito a transitar pelas ruas da São Paulo da greve geral de 1917 até chegar à grande crise mundial de 29, e de lá passando por uma aula de John Keynes em Cambridge, mantendo o rumo em direção à conjuntura internacional e latino-americana atual.
Essa viagem está ocorrendo durante as aulas do curso de extensão universitária “Políticas e Sindicalismo Internacionais”, que a CUT criou em conjunto com o Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), da Universidade Estadual de Campinas.
A partir desta terça, 27 de setembro, até a próxima sexta, dia 30, esse grupo de 42 dirigentes, que compõe a primeira turma do curso, participa da sexta rodada de aulas presenciais. Essas aulas acontecem em salas do Instituto Salesiano Pio XI, no Alto da Lapa. Mas não são as únicas, já que acontecem também aulas à distância e, via internet, um trabalho de monitoria constante entre formadores e cursistas – os termos “professor” e “alunos” não são os preferidos dessa turma. O curso teve início em maio e terá ainda mais três rodadas de aulas presenciais – os chamados módulos.
Com o apoio de textos densos – durante aula acompanhada pelo Portal do Mundo do Trabalho, os cursistas debatiam o capítulo “O Surgimento dos Movimentos Trabalhistas: O Avanço da História” do livro “Forjando a Democracia”, de Geoff Eley – o curso tem importantes formadores como convidados. A aula desta quarta, por exemplo, será conduzida pelo sociólogo Emir Sader, a de quinta por Valter Pomar e a de sexta, pelo professor da Unicamp Carlos Alonso Barbosa de Oliveira. Já passaram por lá também o presidente nacional da CUT, Artur Henrique, Rafael Freire, da CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas) e o historiador Hélio da Costa, do Observatório Social, entre outros.
O secretário nacional de Formação da CUT, José Celestino, o Tino, explica que a realização do curso estava prevista no Plano de Ação Sindical (PAS) da Secretaria de Relações Internacionais e foi elaborado em conjunto não só com o Cesit, mas com todas as secretarias nacionais da CUT. “Isso é o amadurecimento da política de formação da CUT. Os participantes foram escolhidos de forma a abarcar os ramos da Central, as estaduais e nossas entidades que atuam nas regiões fronteiriças do Brasil. Os cursistas poderão contribuir cada vez mais nos debates e ações de seus ramos e entidades e terão mais acúmulo para participar dos fóruns internacionais e de nossas redes sindicais internacionais”, comenta Tino.
A visão dos participantes
Célia Regina Costa, secretária de Mulheres da CNTSS (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Seguridade Social), uma das cursistas, não esconde o entusiasmo de participar das aulas. “É um curso de alto nível, professores excelentes e toda a construção do curso é muito boa. As aulas nos transportam para um outro universo, para um patamar acima do que estamos acostumados a lidar no cotidiano, mostrando a evolução econômica e política do mundo, É muito legal também a diversidade de gerações e de cabeças aqui, com essas pessoas do Brasil inteiro”.
Para Vilma Brito da Silva Leal, secretária de Políticas Sociais da CUT-MS e trabalhadora do ramo dos municipais, o curso é “encantador, uma nova descoberta. A parte de economia me chamou muito a atenção porque é meio desconhecida para mim. Me apaixonei”, disse. Vilma planeja agora uma forma de repassar o conteúdo para sua base de representação.
Para Fábio Lins, secretário de Relação Internacional da CNQ (Confederação Nacional do Ramo Químico), o mais surpreendente é a didática adotada pelo curso. “Não existe aula pronta. Os formadores estão abertos ao diálogo e a ligação entre passado e presente aparece todo o tempo. A interação com os cursistas é ótima”, elogia.
Thiara Nascimento, carioca do ramo da alimentação, já se entusiasma com as próximas etapas: “Vou propor, vou montar um programa de formação no meu sindicato”.
O curso, que tem reconhecimento do Ministério da Educação, não exige que seus participantes tenham curso superior. A CUT e o Cesit pretendem organizar nova turma em 2012.
Fonte: CUT