Aldo Arantes acende alerta sobre extrema direita digital no ABC
Sindicato dos Metalúrgicos recebe debate sobre fake news, guerra cultural e uso político da Justiça, com lançamento de livro e grande participação dos trabalhadores
A luta contra a manipulação ideológica e a influência das Big Techs sobre a democracia marcou o encontro realizado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), na última terça-feira, 30 de setembro. O evento reuniu o ex-deputado constituinte e coordenador nacional da associação Advogados pela Democracia, Justiça e Cidadania (ADJC), Aldo Arantes, e a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Delaíde Miranda, em palestras voltadas à categoria metalúrgica.
Na ocasião, Arantes lançou o livro “Domínio das Mentes: do Golpe Militar à Guerra Cultural” (Kotter Editorial), no qual denuncia o avanço da extrema direita por meio da manipulação digital, das fake news e do uso político do Judiciário (lawfare). Segundo Aldo, “o auditório estava lotado, e todos os exemplares disponíveis foram vendidos. A fala despertou grande interesse, tendo havido inúmeras perguntas”, relatou o ex-deputado. Ele também destacou que ficou acertada a realização de um curso sobre guerra cultural voltado aos trabalhadores.
Além das palestras, Arantes e Delaíde visitaram o Comitê de Fábrica da Volkswagen. “Fomos recebidos pelo dirigente do Comitê Luizão. Lá discutimos com a liderança sindical. Depois estivemos no Senai da fábrica e visitamos as oficinas de montagem de carros da empresa. Valeu a pena!”, registrou Arantes em suas redes sociais.
Fake news e disputa ideológica
Em entrevista à Tribuna Metalúrgica, Aldo Arantes alertou para os riscos do domínio ideológico exercido pela extrema direita por meio das redes digitais. “A dominação ideológica, a chamada guerra cultural, precisa ser enfrentada com uma ofensiva democrática, com mobilização popular e consciência crítica”, afirmou.
Ele compara o cenário atual ao de 1964, quando a extrema direita tomou o poder através de um golpe militar. Atualmente, ela disputa corações e mentes utilizando fake news, manipulação religiosa e ataques à ciência. O que antes era feito pela força bruta agora se fortalece com a tecnologia e com o poder das Big Techs, empresas que concentram riqueza e controlam fluxos de informação como jamais visto na história. “É o casamento entre uma visão reacionária e os mecanismos modernos das redes sociais”, afirmou.
Arantes também denunciou o impacto dos algoritmos na disseminação da mentira: “É assim que milhões mudam seu voto ou passam a acreditar em teses absurdas, como o negacionismo climático ou a defesa de ditaduras”.
Lawfare como arma política
O ex-deputado apontou ainda o lawfare como uma das estratégias centrais da extrema direita. Para ele, a perseguição ao presidente Lula na Lava Jato é um exemplo emblemático. “Isso não ficou restrito ao Brasil. Hoje o lawfare se espalha pelo mundo, sempre como ferramenta para enfraquecer projetos populares e democráticos”.
Papel da classe trabalhadora
Arantes defende que o enfrentamento à guerra cultural precisa partir dos movimentos sociais e do mundo do trabalho. “A guerra cultural não se combate com neutralidade. Ela se enfrenta com organização, mobilização popular e educação crítica”, afirmou, lembrando que seu livro apresenta um plano de 14 pontos para recuperar a consciência democrática.
Segundo ele, os metalúrgicos têm papel decisivo nesse processo. A categoria esteve na linha de frente das lutas contra a ditadura militar e hoje enfrenta uma ameaça sofisticada: “Fake news, lawfare e Big Techs ameaçam direitos, corroem instituições e buscam dividir a classe trabalhadora”.
com informações do Sindicato Metalúrgicos do AB




