Brasil sedia Cúpula do BRICS em julho em meio a ameaças de Trump
Lula recebe líderes do bloco no Rio de Janeiro para debater governança global e fortalecimento da multipolaridade. Evento reforça posição da cidade como centro diplomático global

O Rio de Janeiro será sede da Cúpula dos Líderes do BRICS nos dias 6 e 7 de julho. O anúncio foi feito neste sábado (15) pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, após encontro com o prefeito Eduardo Paes. A reunião ocorrerá no contexto da presidência rotativa do Brasil no bloco, que teve início em janeiro, e deve contar com a presença dos chefes de Estado dos 11 países-membros, além de representantes de países parceiros.
A presidência brasileira no BRICS terá como eixos centrais a reforma da governança global e o fortalecimento da cooperação entre os países do Sul Global. De acordo com o chanceler Mauro Vieira, a cúpula discutirá temas estratégicos como a ampliação do comércio entre os membros sem uso do dólar, o fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e a agenda de financiamento climático.
O encontro acontece em um momento de crescentes tensões com os Estados Unidos. O presidente Donald Trump, candidato à Casa Branca nas eleições deste ano, ameaçou impor tarifas de 100% aos países do BRICS caso o bloco avance nas discussões sobre a criação de uma moeda própria. Trump também declarou que o BRICS “morreu”, minimizando a influência do grupo.
Em resposta, o bloco reforçou o compromisso com uma ordem global multipolar e criticou o unilateralismo e a ascensão do extremismo em diversas partes do mundo.
A Cúpula do BRICS no Rio será uma oportunidade para Lula consolidar sua política externa voltada à ampliação das relações estratégicas do Brasil com potências emergentes e reduzir a dependência do país em relação ao sistema financeiro ocidental. Em janeiro, o governo brasileiro confirmou o ingresso da Indonésia como novo membro do BRICS, ampliando a representatividade do bloco.
A escolha do Rio de Janeiro como sede reforça a posição da cidade como polo de eventos internacionais. Em 2024, a capital fluminense já havia recebido a cúpula do G20, e a prefeitura criou o Comitê Rio BRICS para coordenar as atividades da cúpula e fomentar iniciativas de cooperação ao longo do ano.
Além da agenda econômica e diplomática, a reunião discutirá a ampliação do BRICS, a agenda de desenvolvimento sustentável e a reforma de instituições internacionais, temas centrais para a estratégia brasileira no bloco. A realização do evento no Brasil sinaliza a disposição do governo Lula em fortalecer o BRICS como alternativa às potências ocidentais e enfrentar a retórica hostil de Trump contra a multipolaridade.