Guerra comercial: Governo Trump vai anunciar nova lista de tarifas na quarta-feira
EUA alegam que regras ambientais e segurança alimentar prejudicam suas exportações

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou um extenso relatório sobre políticas e regulamentações de outros países que considera barreiras comerciais. O documento, publicado na segunda-feira (310 pelo Gabinete do Representante Comercial dos EUA (USTR), lista obstáculos tarifários e não tarifários que, segundo Washington, prejudicam exportações americanas. A divulgação ocorre dois dias antes do anúncio de um novo plano de tarifas recíprocas, previsto para quarta-feira (2).
O relatório, de 397 páginas, identifica barreiras que vão desde tarifas aplicadas a produtos americanos até normas ambientais e de segurança alimentar que dificultam a entrada de mercadorias dos EUA em mercados estrangeiros. Entre os exemplos citados estão exigências rigorosas da União Europeia para aprovação de culturas geneticamente modificadas e proibições de importação de alimentos contendo certos resíduos de pesticidas.
Tarifa sobre automóveis e impacto no comércio global
Na semana passada, Trump anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre as importações de automóveis, com o argumento de incentivar a produção nacional. No entanto, a medida pode desencadear novas tensões comerciais e gerar aumentos de preços.
O assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, tem criticado há tempos a forma como os impostos sobre valor agregado (IVA) são aplicados por países da União Europeia. Segundo ele, esses tributos funcionam como tarifas disfarçadas e acabam servindo como subsídio às exportações quando reembolsados. O relatório do USTR, porém, não classificou os IVAs europeus como barreiras comerciais, focando, em vez disso, nos impostos sobre serviços digitais e no novo mecanismo europeu de ajuste de fronteira de carbono.
Já em relação a outros países, o documento apontou que a implementação do IVA pode dificultar importações dos EUA, citando especificamente Argentina, México e Emirados Árabes Unidos. O relatório também destaca que a China usa descontos de IVA para impulsionar exportações de determinados produtos, caracterizando essa prática como uma forma de subsídio.
Regras ambientais e segurança alimentar na mira dos EUA
As barreiras comerciais citadas no relatório não se limitam a tarifas. Regulamentações ambientais e sanitárias impostas por governos estrangeiros também são apontadas como entraves ao comércio americano. A exigência da União Europeia de um percentual mínimo de material reciclado em embalagens plásticas, por exemplo, foi classificada como potencialmente prejudicial às exportações dos EUA.
Além disso, o relatório reacende uma disputa comercial de longa data entre EUA e Canadá, destacando o sistema canadense de “gestão de fornecimento” para laticínios, aves e ovos. Segundo o documento, as tarifas aplicadas pelo Canadá fora das cotas de importação são extremamente altas – chegando a 245% para queijo e 298% para manteiga.
O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, defendeu a postura do governo Trump, argumentando que o presidente está tentando nivelar o campo de jogo para as empresas americanas. “Nenhum presidente americano na história moderna reconheceu mais do que o presidente Trump as barreiras comerciais externas abrangentes e prejudiciais que os exportadores americanos enfrentam”, afirmou Greer. “Sob sua liderança, esta administração está trabalhando diligentemente para abordar essas práticas injustas e não recíprocas, ajudando a restaurar a justiça e a colocar as empresas e os trabalhadores americanos esforçados em primeiro lugar no mercado global”, acrescentou.
O impacto exato do relatório sobre as novas tarifas a serem anunciadas ainda não está claro. Entretanto, especialistas alertam que a adoção de medidas unilaterais pode desencadear retaliações comerciais e aprofundar disputas com parceiros estratégicos dos Estados Unidos.