Mais de 3 milhões de estudantes deixaram as universidades privadas em 2021
Taxa de evasão de 36,6% do ensino superior privado é a segunda maior de toda a série histórica (a de 2020 foi maior).
Os dois últimos anos foram os de maior evasão de alunos do ensino superior privado no Brasil. Só no ano passado, cerca de 3,42 milhões de estudantes abandonaram as universidades privadas. Em 2020, cerca de 3,78 milhões de alunos evadiram das instituições (37,2% de abandono), segundo o Semesp, entidade que representa as mantenedoras do ensino superior no Brasil.
Desde 2016, as taxas de evasão giram em torno dos 30%, mas depois da pandemia da covid-19 e do agravamento da crise econômica, social e política vivida pelo país, ela subiu para acima dos 35%.
O diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, admite que os estudantes mais afetados são “os que geralmente precisam trabalhar para poder estudar. A maioria estuda à noite. E tiveram perda de emprego, ou perda de renda por trabalho informal. Eles não conseguiam mais pagar a mensalidade ou não tinham, inclusive, infraestrutura para poder assistir às aulas remotamente”.
De acordo com um estudo realizado por Reynaldo Fernandes, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Educação (MEC), os jovens de baixa renda, em sua maioria negros, forçados precocemente ao mercado de trabalho ou que engravidam já na adolescência, formam o grupo de maior risco à evasão.
No Ensino à Distância (EAD), a taxa é mais alta do que no ensino presencial. Em 2021, foram 43,3% de evasão no EAD, contra 40% em 2020.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a evasão escolar no Brasil atinge 5 milhões de alunos. Durante a pandemia de Covid-19, esses números aumentaram em 5% entre os alunos do ensino fundamental e 10% no ensino médio.
O chefe de educação do Unicef, Ítalo Dutra, deplora a perda do vínculo escolar durante a pandemia. “Nós fechamos as escolas sem planejamento. Na maioria dos estados, o que vimos foi recesso, férias e depois ensino remoto. E essas atividades evidenciaram as desigualdades educacionais que o País tem”, afirmou.
Inadimplência em alta
As taxas de inadimplência também aumentaram depois da pandemia. Em 2020 foi de 9,95 e, no ano passado, 9,4%.
Apenas 18% dos jovens de 18 a 24 anos no país estão no ensino superior, embora a meta do Plano Nacional de Educação seja a de atingir 33% dos jovens até 2024. “Nós não vamos atingir e ainda vamos piorar esse índice”, constata o diretor-executivo do Instituto Semesp. Para ele, um país desenvolvido necessita que cerca de 2/3 da população tenha escolaridade superior.
Jovens fora da escola
Outra pesquisa divulgada este ano, da consultoria IDados, apontou que 12,3 milhões de jovens no Brasil não estudam nem trabalham, o que supera a população da Bélgica. Até o segundo trimestre de 2021, isso representava 30% dos jovens com até 29 anos.
Carlos Pompe