Mercantilização: Abril Educação quer comprar Pitágoras e escolas
Dona de cinco sistemas de ensino, a Abril Educação informou ontem ao mercado que quer comprar o sistema de ensino Pitágoras, caso a Kroton o coloque à venda, e mais escolas de idiomas.
“O ativo com mais chances de ser colocado à venda no futuro é o Pitágoras. Não é o foco da Kroton. A gente está acompanhando e se surgir uma oportunidade interessante é algo que podemos considerar porque seria complementar geograficamente ao nosso negócio”, disse Manoel Amorim, presidente da Abril Educação, em teleconferência com analistas. Ele destacou que não existe no momento nenhuma negociação em andamento entre as duas companhias.
Segundo fontes do setor, a Abril Educação e a Kroton chegaram a conversar entre 2009 e 2010, mas as negociações não avançaram. O Pitágoras é um dos maiores sistemas de ensino do país, com faturamento de R$ 97 milhões no primeiro semestre. Um dos atrativos dos sistemas de ensino é a margem bruta – no caso do Pitágoras é de 56% e no Anglo chega a ser de 85%.
Como o Pitágoras não está à venda, a Abril Educação está analisando operações menores, com possibilidade de transferência de carteiras de alunos de outras empresas. A Abril Educação é dona dos sistemas de ensino Anglo, pH, Maxi, Geo e Ser, que juntos representam 35% da receita líquida do semestre da companhia.
Outro negócio que está no alvo são as escolas de idiomas. No mês passado, a Abril Educação adquiriu 51% da Red Balloon, rede de escolas de inglês voltada para crianças por R$ 29, 8 milhões. “Também temos interesse em escolas que atendem jovens e adultos”, disse Amorim. “Acredito que em 2012 e no próximo ano esse mercado [de escolas de idiomas] assistirá negociações relevantes”, complementou o executivo, durante a teleconferência.
Amorim detalhou ainda aos analistas os dois eventos extraordinários que afetaram o balanço do segundo trimestre, que fechou com prejuízo de R$ 20,5 milhões. Um deles foi um problema no sistema ERP que controla os estoques de livros das editoras Ática e Scipione. As baixas dos livros vinham sendo computadas incorretamente desde 2006 e reduzindo o valor lançado no item custo da mercadoria vendida. A correção gerou um impacto negativo de R$ 20,3 milhões no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
Outro evento extraordinário foi a destruição de 8,3 milhões livros obsoletos, que gerou uma perda de R$ 34,4 milhões. Mas esse valor não afetou o Ebitda, uma vez que essa quantia estava provisionada. A destruição dos livros gerou uma redução da base de IR/CSLL correspondente ao valor total do material destruído. Consequentemente, houve um crédito de IR/CSLL, com impacto no lucro de R$ 7,3 milhões no segundo trimestre e de R$ 4,4 milhões no fim do ano.
Excluídos os efeitos extraordinários, o prejuízo teria sido de R$ 8,4 milhões e o Ebitda negativo em R$ 4,9 milhões. No mesmo período de 2011, houve prejuízo de R$ 37,2 milhões e o Ebitda foi positivo em R$ 14,2 milhões. A receita líquida somou R$ 102,5 milhões, com aumento de 28%. Normalmente, a empresa registra prejuízo no segundo trimestre por conta de sazonalidade – o primeiro trimestre é mais forte em vendas.
Fonte: Valor Econômico